Escuteiros Marítimos de Ferragudo festejam 50 anos 

Texto e fotos: José Garrancho


O agrupamento 413 iniciou-se sem a vertente marítima, há 50 anos. Mais tarde, surgiu a Brigada Vasco da Gama, ligada ao mar e só acessível aos jovens mais velhos, com idades entre os 18 e os 22 anos.

O agrupamento passou a marítimo há cerca de 38 anos, após terem sido cumpridos os requisitos requeridos: embarcações e formação específica. Os jovens aprendem vela, canoagem e outras atividades ligadas ao mar. E, tal como os outros, praticam as atividades terrestres.

O seu fardamento é diferente dos demais. Aliás, têm dois equipamentos: o azul, para as atividades, e o branco, a farda de gala.

Esta diversificação atrai jovens de localidades vizinhas, incluindo elementos oriundos de Lagos, tendo chegado a possuir 150 elementos ativos.
“Com a covid-19, saíram muitos, mas estamos a recuperar bem e já vamos nos 110”, diz ao Lagoa Informa a chefe do agrupamento, Aida Cotião, que já conta com 44 anos de atividade. “Iniciei-me muito nova, mas só fiz promessa de escuteiro marítimo na terceira secção”, recorda.

De casa às costas
A primeira sede teve de ser abandonada, quando foi construído o centro pastoral. Foi-lhes cedido um pequeno espaço, ao lado da igreja e pertença da mesma, demasiado exíguo para o elevado número de jovens que acorriam às atividades. Mas, fruto do espírito escutista, lá se vão desenrascando.
Há cerca de três anos, a Câmara Municipal de Lagoa e a Junta de Freguesia de Ferragudo cederam-lhes um espaço na Praia da Angrinha. Segundo a chefe Aida, “havia um centro náutico da Câmara e os escuteiros tinham dois barracões, que tinham sido montados quando foram feitas as dragagens. Mas eram uns ‘monos’, muito degradados”.

“Pedimos intervenção e conseguimos um conjunto de 12 contentores, onde guardamos o material marítimo, e que a autarquia também utiliza, quando realiza os vários eventos náuticos”, refere.

Mas continuam com dificuldades, mantendo a exígua sede e utilizando outros pequenos espaços cedidos pela paróquia, porque são muitos e têm diversas valências, incluindo catequese e eucaristia. “De Inverno, é complicado”, confidencia-nos.

Finalmente uma sede
“Está em curso o processo para a construção de uma nova sede, com condições, no parque de jogos, junto à igreja, que há muito não é utilizado”, afirma a chefe Aida.

“Uma parte do terreno pertence à paróquia e a outra ao seminário, mas esse problema está quase resolvido. O senhor pároco é muito ativo no nosso movimento, que é católico. Vamos pedir orçamento a várias empresas, mas necessitamos que a comunidade nos dê algum apoio financeiro, pois não é barato fazer uma casa para alojar 100 pessoas. Esperamos lançar a primeira pedra em julho, quando comemorarmos o nosso 50º aniversário”, revela.

Chefes toda a vida
Meio século de existência representa uma longa vida, com muitos jovens a ingressar, a abandonar as atividades, quando a vida adulta não lhes dá condições para continuar, mas, depois, a trazer os filhos, para que experimentem o gosto da vida escutista. Outros ficam presos por toda a vida, tornam-se chefes e vão ensinando as gerações seguintes.

Os quatro primeiros líderes do agrupamento foram os chefes Coelho (fundador), Custódio, Pagaio e Luís Cabrita, que entrou em 1981, com 10 anos, e ainda está no ativo.

“Não entrei mais cedo, porque a minha família não ia muito com estas coisas e, quando cheguei, já existia a Brigada Marítima Vasco da Gama. Tive uma visão nova como chefe do agrupamento, durante 23 anos. Depois, desafiaram-me para encabeçar uma lista e tornei-me chefe regional. Mas acabei por regressar ao agrupamento 413”. lembra.

O chefe Cabrita diz sentir-se mais satisfeito, a nível pessoal, dentro de um agrupamento. “A vivência é diferente. A outra é mais administrativa. Lidar com adultos torna-se mais complexo e prefiro a interação com os jovens”, salienta.

Desde a barriga da mãe
O chefe Sérgio Nave, adjunto da chefe do agrupamento, só entrou aos 14 anos, na 3ª secção, mas já leva trinta anos de atividade. Casou com uma escuteira, a chefe Vanda, que se iniciou aos 8 anos, e já têm uma filha com 14, a Iara, que fez a promessa na 3ª secção, no dia em que visitámos o agrupamento. “Iniciei-me nos escuteiros ainda na barriga da minha mãe”, afirma a jovem.

Segundo Sérgio Nave, não é difícil gerir um agrupamento. “O método escutista tem as suas maravilhas. Foi pensado por uma pessoa e, ao fim de tantos a anos, ainda funciona. Todos têm as suas funções, os seus cargos, e cada um sabe qual o seu papel em cada tarefa, o que torna tudo mais fácil e funcional. Por exemplo, numa saída de barco, um fica com o estai, outro com a vela principal e outro com o leme. E nós, os adultos, trabalhamos do mesmo modo. Cada dirigente tem o seu papel e os seus miúdos e não é difícil aplicar o modo”, explica.

Igreja cheia
A Igreja Matriz de Ferragudo encheu-se, a 21 de abril, para assistir às promessas de vários elementos do agrupamento, desde a iniciação à passagem a chefe. Foi uma bonita cerimónia, com os padrinhos, a família e os colegas a prestarem todo o apoio aos jovens que, após a vigília noturna, prometeram cumprir com a máxima responsabilidade os seus novos deveres como escuteiro.

Em destaque, junto ao altar, esteve o cartaz comemorativo do 50º aniversário do agrupamento, um orgulho para os presentes, uma vez que todos os elementos escreveram ou desenharam no mesmo. Duas jovens de 14 anos, Irina e Iara, foram vencedoras do concurso promovido para uma insígnia do 50º aniversário, para ser usado na manga durante um ano.

O júri deu-lhes o empate e decidiu juntar os dois trabalhos num só. As jovens estão a trabalhar na obra final, em conjunto, dentro do espírito escutista.

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