Estreia hoje revista à portuguesa do Boa Esperança

Depois da auspiciosa ante estreia da passada semana, começa hoje o rodopio de espetáculos da revista à portuguesa “Thô xaringado e mal pague”, onde de abordam assuntos sérios de forma divertida.

Texto: Fernando Manuel Vieira / Fotos: Eduardo Jacinto

É já na noite desta sexta-feira que o Boa Esperança leva a cena a sua habitual revista à portuguesa, afinados que foram alguns detalhes na sequência da ante estreia efetuada na noite de 24 fevereiro, a qual agradou sobremaneira ao público, não sendo raros os que, na plateia, choravam de tanto rir.

Fiel a uma tradição com meio século, o grupo liderado pelo ator, autor e encenador Carlos Pacheco eleva neste ano a fasquia e, aproveitando como ponto de partida uma expressão tipicamente algarvia, propõe muito humor ao longo de mais de duas horas bem passadas.

Em exclusivo à Algarve Vivo, revela os pontos altos do espetáculo: “O título e a imagem, com recurso a caracteres e símbolos chineses, refletem os primeiros dez minutos de ação, onde satirizaremos a venda de empresas nacionais e a invasão do comércio asiático. O público vai ficar espantado, mas nos primeiros dez minutos só irão ouvir chinês, e fluente…!”

CONVIDADOS DE LUXO

“Para ajudar à festa, convidámos algumas personalidades, desde Donald Trump a Maria Leal (que se complementam na perfeição…), passando por Toni Carteira e outros mais. Haverá ainda rábulas sobre os dadores de sangue da Clínica Dador, sobre uma ‘operação stop’ à caça dos pontos da carta de condução, sobre uma tasca de fado onde se canta em inglês,… Enfim, são muitos os motivos para o público passar um bom momento connosco”, sublinha o responsável.

Pontos altos da revista não faltarão: “Teremos ainda a Angela Merkel a pedir à rainha de Inglaterra para regressar à União Europeia, com a ajuda de uma diplomata-emigrante portuguesa que faz limpezas no Palácio de Buckingham. O que se passa nos dias de hoje na cama entre casais veteranos é outro dos temas que irão divertir o auditório, o qual por certo se irá rever nas situações criadas. Também haverá um quadro com alentejanas que pela primeira vez vão à praia, esquecendo a devida depilação, além de grandes momentos musicais a cargo do jovem fadista João Leote, nomeadamente a apoteose, com recurso a muito brilho e luzes LED, seguindo as atuais tendências da revista à portuguesa”, sublinha Carlos Pacheco.

Espetáculo que na génese se centrava na realidade de Portimão, as últimas realizações têm-se afastado do quotidiano local. “Optámos por não focar tanto a nossa cidade, para que toda a gente entenda os temas abordados, pois a revista tornou- se cada vez mais regional, com reflexos nacionais e até internacionais. Não fazia sentido estarmos a falar de temas demasiado localizados, não entendidos por quem seja de fora”, explica o autor.

 VISUAL DO MELHOR

Para além da representação, o enquadramento estético constitui outro aspeto que caracteriza a revista do Boa Esperança. “Neste ano teremos imensos adereços, talvez seja a edição recordista em termos de entradas

e saídas de cena, ao mesmo tempo que contaremos com uma ótima vertente de luz e uma sonorização excelente, ao nível do melhor que se faz lá por fora”, garante Carlos Pacheco, para quem “não é necessário ir-se a Lisboa para ver um visual tão fantástico.”

O elenco de “Thô xaringado e mal pague” inclui cinco bailarinas, três delas caras novas, entre as quais a coreógrafa Sara Pina, e cinco atores, de quem se destaca a estreia de Nicole Gonçalves. A propósito, Carlos Pacheco realça: “A Nicole tem grande tarimba e é uma excelente aquisição. Ela mudou-se recentemente de Lisboa para Armação de Pera e ofereceu-nos os seus préstimos, na sequência da projeção que o nosso espetáculo vai tendo. Claro que a aceitámos de braços abertos.”

No total, são cerca de 30 pessoas envolvidas, entre atores, bailarinas, técnicos de luz e som, elementos de bastidor e aderecistas.

 SEM APOIOS OFICIAIS

A escassas horas da estreia, “e, portanto, sem conseguir ainda contabilizar os dinheiros envolvidos”,  o responsável estima que já tenham sido despendidos “mais de 30 mil euros em preparativos, faltando ainda quantificar uma série de despesas, todas elas a honrar com verba própria e que poderá triplicar esse número. Isto é um espetáculo que sai caro, não contamos com nenhuns apoios oficiais, e é por isso que não existem muitas coisas similares por aí…!”

Para além de duas dezenas de empresas algarvias que contribuem com donativos para esta coletividade de utilidade pública, destinados a colocar de pé a revista do Boa Esperança, “raros são os apoios recebidos”, reconhece Carlos Pacheco, que garante: “Neste momento já não precisamos de bater à porta dos empresários, pois eles reconhecem o valor do espetáculo, que lhes permitirá depois alguma visibilidade.”

Ainda nesta temática, o encenador destaca “o apoio da Câmara Municipal, apenas de âmbito promocional nas redes sociais e na cedência de uns quantos espaços públicos para promovermos a revista, publicidade essa paga por nós. Depois, há um protocolo celebrado com a Junta de Freguesia de Portimão, que nos cede uma verba de apoio institucional em troca de bilhetes, a distribuir por carenciados e idosos. De resto, há bastante tempo que já não nos damos ao trabalho de pedir quaisquer ajudas a entidades oficiais, pois não vale a pena o tempo perdido.”

AS COORDENADAS

O cartaz artístico de “Thô xaringado e mal pague” inclui os atores Flávio Vicente, Telma Brazona, Sandra Rodrigues e Nicole Gonçalves, liderados por Carlos Pacheco. O jovem fadista portimonense João Leote abrilhantará os momentos musicais, sendo o corpo de baile composto por Filipa, Lara, Rafaela, Sara e Vânia.

A revista à portuguesa estará em cena na sala do Boa Esperança, com capacidade para 250 espetadores, até meados de maio próximo, seguindo-se a habitual digressão pelo Algarve, a agendar oportunamente.

As sessões têm lugar às 21h30 nas sextas-feiras e sábados, enquanto aos domingos haverá espetáculos às 14h30 e às 17h30. A reserva de bilhetes pode ser feita aos dias úteis, entre as 15h00 e as 21h00, pelos seguintes números: 282 422 976 / 967 188 290 / 910 418 476.

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