Europeias: Socialista Pedro Marques promete estar “ao lado da região”

O ex-governante é o cabeça de lista às próximas eleições europeias, agendadas para 26 de maio e apela ao voto útil. Numa entrevista exclusiva à Algarve Vivo, durante a campanha em Portimão, no sábado, dia 6 de abril, Pedro Marques, revelou quais as expetativas da votação na região, de que forma os fundos comunitários podem auxiliar o Algarve e sobre como poderá o ‘Brexit’ se apresentar como um desafio, quer a este destino turístico, quer a quem for escolhido para representar Portugal no Parlamento Europeu. A comitiva que o acompanhou contou com nomes de ‘peso’ no Algarve, como foi o caso de Águas da Cruz, candidato do PS às europeias, Isilda Gomes, presidente da Câmara Municipal e membro do secretariado nacional, Luís Graça, líder da federação algarvia, Vítor Guerreiro, diretor de campanha na região, e de José Apolinário, entre outras personalidades.

TEXTO: Ana Sofia Varela

Quais são as expetativas para estas eleições europeias no Algarve?
São muito boas, tal como no país. No Algarve, temos um número elevado de Câmaras Municipais socialistas, onde aliás temos alguns dos nossos melhores autarcas. A Isilda Gomes, além de ser uma grande amiga há muitos anos, é uma grande presidente de Câmara, e tem-no sido na cidade onde estamos hoje. Fomos muito bem recebidos e, felizmente, tem sido assim em todo o país.

Quais são os objetivos da candidatura socialista portuguesa ao Parlamento Europeu?
Na minha candidatura, a principal proposta é simples. Queremos fazer na Europa, o que fizemos bem em Portugal. Aprovámos um programa europeu do Partido Socialista que tem muito a ver com isso. Com as políticas de emprego e de redução da pobreza, mantendo as contas certas. Nesta região, por exemplo, houve capacidade de impulsionar a recuperação do emprego. Estamos também hoje numa Câmara Municipal onde foi feito um esforço extraordinário para, exatamente, dar força ao concelho, ter as contas em ordem. Ou seja, estamos numa terra que explica bem o que é o trabalho do Partido Socialista, mas estamos também numa região que explica bem o nosso trabalho no Governo.

Uma região afetada pela sazonalidade e pela crise…
Na verdade, tínhamos um desemprego acima da média nacional e conseguimos inverter essa tendência. Reduzimos muito o desemprego, de tal maneira que até já está abaixo da média nacional. E, fruto das políticas das autarquias, do Governo e dos empresários hoteleiros, da Região de Turismo, de todos, conseguimos combater aquela questão mais difícil da sazonalidade. No meu trabalho, em particular enquanto governante, sabe que conseguimos realizar com a concessionária dos aeroportos obras muito grandes no Aeroporto de Faro. Foi praticamente um aeroporto novo e foi neste mandato em que estive no governo que isso aconteceu.

Essas obras incentivaram também a atração de novas rotas?
Exatamente, as obras ajudam-nos a captar mais turismo, mais rotas e, ao fim ao cabo, apesar de existir sempre o desafio do combate à sazonalidade, conseguimos alterar muito essa realidade. Julgo que a região está muito melhor do que há três anos. Hoje, há outra confiança na região, nos agentes económicos, nas populações, que têm emprego e que, muitas delas, tem já emprego para o ano todo e não apenas nos meses de Verão. Acredito, portanto, que a região vai dar-nos um resultado muito significativo nas eleições europeias. E é muito importante que isso aconteça, porque, cada vez mais, as decisões são tomadas a nível europeu. Como sabe, estive a lutar por um melhor pacote de financiamento europeu para Portugal. Vou fazer o mesmo na Europa, agora como deputado ao Parlamento Europeu. Esse combate também se faz na Europa e é por isso que preciso da ajuda dos portugueses nestas eleições.

De que forma se encaixam os fundos comunitários na região?
A realidade do Algarve é muito específica, pois como sabe já não está entre as chamadas “regiões coesão a nível europeu”. Portanto, temos que ser ainda mais criteriosos na escolha das áreas onde queremos investir os recursos europeus disponíveis para a região. Julgo que foi feito um bom trabalho, sobretudo com a AMAL (Comunidade Intermunicipal) e com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, ao longo dos anos em que estive no governo. Agora esta é a fase em que vamos preparar o próximo quadro comunitário e na qual decidiremos o que queremos fazer com os recursos nesse próximo pacote de financiamento. Encontrei sempre, na AMAL, e nos autarcas da região em particular, vontade de escolher prioridades para a região. Naturalmente, como deputado ao Parlamento Europeu, estarei ao lado do Algarve, dos seus autarcas e da região como um todo, para definirmos bem o que queremos e também lutarmos pelas especificidades da região. Há áreas que, quer a nível de investimento europeu, quer a nível de investimento nacional, devem continuar a ser objeto de apoio no Algarve. Por exemplo, a formação e a educação têm que ser uma prioridade nesta região e nós acreditamos muito nisso.

Quais serão os temas fortes a apostar, ou seja, essas prioridades que referiu?
Diria que há uma dimensão que continuará a ser prioritária, pelo menos na nossa proposta, que é o apoio ao investimento, aquele que permita criar emprego. É muito importante que assim seja. Também o apoio à coesão social assume relevância. Dou-lhe um exemplo de como podemos distinguirmo-nos e como escolher entre partidos diferentes é importante. Eu era secretário de Estado da Segurança Social, há uma década, e criamos um programa muito importante no país ao qual chamamos Pares. E usámos recursos do Orçamento de Estado, porque não podíamos utilizar recursos europeus, nomeadamente aqui no Algarve. Construímos muitas creches, muitos equipamentos sociais. Já visitei alguns deles e, felizmente, estão a funcionar bem na região. Ora, isto significa que podemos fazer diferente se escolhermos política de emprego, política de redução da pobreza. Nestas eleições em particular, a escolha para os portugueses é muito clara, porque os dois partidos portugueses da direita apoiam o homem que pediu sanções contra Portugal, na força máxima, quando nós [governo do Partido Socialista] estávamos a lutar contra elas. Os portugueses têm de fazer essa escolha. Se querem continuar a avançar e ajudar a mudar o projeto europeu, um trabalho já iniciado com a força de António Costa, enquanto primeiro-ministro de Portugal, ou escolher a Europa dos cortes e das sanções, como defende este candidato da direita.

O problema muitas vezes é a abstenção. Acredita que é necessária uma mudança de mentalidade das pessoas?
Estas eleições têm esse desafio. De facto, as pessoas sentem-se distantes da Europa ou, às vezes, parece que não acreditam que o voto no Parlamento Europeu vai influenciar muito as suas vidas e sequer as mudanças na Europa, mas esse é um erro.

Acham que a região é pequena e está distante, não influenciando em nada. É uma ideia errada?
O Parlamento Europeu, em particular depois do Tratado de Lisboa, ganhou muito mais importância em todas as decisões neste continente. Hoje, toda a legislação relevante, até o próprio pacote de financiamento comunitário, tem que ter uma aprovação do Parlamento Europeu. Nós podemos fazer a diferença lá na vida das pessoas cá em Portugal, mas para isso precisamos que as pessoas votem. Estando aqui no Algarve acho que faz todo o sentido o apelo a que as pessoas votem.

Como?
É muito importante destacar o exemplo do ‘Brexit’. Estão muitos ingleses no Algarve e esta é uma realidade que a região sente muito. Recorda-se certamente que, na altura, havia uma indicação clara de que os jovens britânicos eram a favor da permanência do Reino Unido na Comunidade Europeia. Esmagadoramente, eram pela permanência, na União Europeia! Infelizmente foram os que menos votaram e, quando acordaram no dia seguinte, estavam nesta situação ‘desgraçada’ que ninguém sabe como vamos sair dela. Votar, e votar em particular nas eleições europeias, é, portanto, mesmo muito importante. E há uma marca muito diferente entre a esquerda e a direita nestas eleições, sendo necessário que as pessoas escolham por mais Europa e não pela Europa dos cortes e das sanções.

O ‘Brexit’ pode tornar-se numa situação ‘calamitosa’ para o Algarve enquanto destino turístico?
Pode ser extremamente preocupante. Estamos a fazer todo o esforço que podemos. Preparámos planos de contingência para a realidade dos britânicos que estão em Portugal ou para a os portugueses que estão no Reino Unido, preparámos planos de contingência sobre a questão do transporte aéreo e há muitas medidas aprovadas para tentar mitigar os efeitos desta situação, mas terá sempre impactos económicos e um efeito grande na vida das pessoas. Não o desejámos claramente e muitos britânicos também não, mas, infelizmente, vários não foram votar. Naturalmente estaremos na Europa, no próximo mandato, a lidar com as consequências desta decisão do ‘Brexit’. Será uma decisão que vai marcar sempre a Europa e os europeus.

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