José Caçorino, presidente da Comissão Política Distrital do CDS/Algarve: “Ainda é cedo para ter uma posição segura quanto ao futuro líder”

Jose Cacorino

O site da revista Algarve Vivo entrevistou três dirigentes do CDS – José Caçorino, presidente da Comissão Política Distrital, Francisco Paulino, um dos vice-presidentes, e Nuno Marques, principal responsável pela concelhia de Faro – sobre a saída e o futuro de Paulo Portas, o papel que desenvolveu no partido e no anterior Governo de coligação com o PSD, quem o deverá suceder na liderança e a estratégia a seguir. Numa região onde os centristas contam com cerca de mil militantes nos 16 concelhos, prudência é o sentimento geral. E se Assunção Cristas ou Nuno Melo são figuras bem encaradas, João Almeida surge como uma aposta a incluir entre possíveis candidatos.

José Manuel Oliveira

O presidente da Comissão Política Distrital do CDS Algarve, José Caçorino, não esperava a decisão de Paulo Portas em deixar a liderança no próximo congresso que deverá ter lugar no mês de abril de 2016. Contudo, reconheceu o facto de se tratar de uma posição assumida de forma atempada com vista a reorganizar o partido e o centro-direita em Portugal.

“Não. De facto não esperava que tal decisão fosse anunciada naquela reunião da Comissão Política. Apesar disso, entendo que tal como nos habituou Paulo Portas, soube fazê-lo a tempo, no tempo certo (o que não é fácil), permitindo, e até nisso primou pela clarividência, uma reorganização do centro-direita em que o CDS deverá ser o ator privilegiado”, afirmou, em entrevista à Algarve Vivo, José Caçorino.

Além disso, na perspetiva deste dirigente, a posição de Portas possibilitará ao partido renovar-se e reorganizar-se, “dando importância às bases, para que com isso consiga atrair novos quadros do espectro regional, muitos sem identidade partidária, mas que seguramente trarão um partido mais focado nos problemas reais das pessoas e obrigará a uma forma mais eficaz de comunicar, abrindo-se assim a movimentos sociais e a independentes, para que as soluções a apresentar sejam mais realistas e menos ideológicas (não esquecendo nunca a nossa matriz).”

Paulo Portas não será “sombra ou vigilante” do seu sucessor 

No tocante à ação desenvolvida pelo presidente do CDS nos últimos quatro anos no partido e como membro do Governo de coligação com o PSD, José Caçorino só lhe aponta elogios e explica o motivo. “Em minha opinião, foi uma ação muito positiva em ambas as funções. O Partido e Portugal devem estar agradecidos à dedicação à causa pública que Paulo Portas colocou com tanta dedicação e brio, o que permitiu que o CDS crescesse e deixasse de ser um Partido confinado a fazer oposição, passando a ser um dos obreiros da necessária construção de que o país precisa (e Portugal que bem precisava e precisa).”

E acrescentou: “Em conjunto com Pedro Passos Coelho, soube conduzir os destinos de Portugal, na correção do desnorte em que nos encontrávamos. Com grande sentido tático e notável brilhantismo, soube sempre transformar fraquezas em forças, motivo porque não lhe consigo encontrar aspetos negativos na sua atuação pública”.

Que futuro para Paulo Portas? José Caçorino respondeu: “Pelo que transmitiu na reunião da Comissão Política, ao nível partidário parece-me que se cingirá a uma atuação de militante de base, sem qualquer papel que possa ser entendido como sombra ou vigilante de quem quer que venha a liderar o Partido. Penso que entenderá que o seu papel no partido, nesta nova fase, será o de contribuir como qualquer militante de base, para o engrandecimento do mesmo, não se coibindo de opinar e contribuir para o constante debate de ideias que em todo o momento existiu no seio do Partido, mas que agora com a sua tomada de posição ‘libertou-o’ para um ciclo novo, para que o CDS se possa renovar, reposicionar e refletir em novo projeto.”

Porém, o presidente da Comissão Política Distrital do CDS Algarve sublinhou em jeito de desafio: “Penso no entanto que Paulo Portas, sem dúvida o melhor dirigente partidário que Portugal já teve, tem ainda muito a dar ao país. De que forma só o futuro o dirá!”

“Alguns conhecerão melhor as bases e estruturas do Partido que outros”

Já em relação a quem, entre as figuras de que se falam, nomeadamente Nuno Melo e Assunção Cristas, e outros elementos como Mota Soares, Telmo Correia, Pires de Lima e Cecília Meireles, que veria com mais condições para suceder a Paulo Portas na presidência do CDS, José Caçorino considerou “ainda cedo para ter uma posição segura.”

“Mas qualquer um dos militantes que cita, ou ainda o João Almeida, teriam condições intrínsecas para o ser. Alguns conhecerão melhor as bases e estruturas do Partido que outros, e daí ser fundamental a constituição da equipa que os possa acompanhar nas vice presidências e com grande acuidade na secretaria geral e coordenação autárquica”, observou.

Subscritor de moção de estratégia para levar CDS mais próximo das pessoas 

No Algarve, onde o CDS conta com cerca de mil militantes ativos nos 16 concelhos, poderá surgir uma moção de estratégia no congresso nacional. “Penso que este é um dos momentos em que o debate interno mais livre deve ser e daí não estar pensada qualquer posição institucional da Comissão Política Distrital. Tem sido essa uma particularidade desta Comissão Política Distrital que integra em si militantes mais e menos próximos da atual liderança, o que tem sido uma grande vantagem, pelo que em minha opinião assim deverá continuar a ser. Tenho a certeza que os militantes do Algarve darão de novo o seu contributo (como já o fizemos  em outros congressos, por exemplo sobre a A22), para um debate mais aberto e plural. E nesse sentido, penso vir a ser um dos subscritores de uma moção de estratégia que leve o Partido a estar mais próximo da realidade das pessoas, mais pragmático e aberto aos movimentos sociais, aqueles que nos obrigarão a estar mais focados nos problemas reais dos portugueses e assim sermos verdadeiramente a sua voz, corpo e alma.”

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