José Carlos Barros (Portugal à Frente): “Coligação deve procurar equilíbrios que assegurem a estabilidade governamental”
Numa curta entrevista por escrito ao site da Algarve Vivo, o arquiteto paisagista José Carlos Barros, novo deputado do Círculo Eleitoral de Faro, independente e eleito na lista da Coligação Portugal à Frente, formada pelo PSD e CDS, destaca as prioridades para a região. Ao ser questionado sobre uma eventual participação no próximo governo, limita-se a dizer que “gostava muito de cumprir” o seu mandato mandato na Assembleia da República. Mesmo sem maioria absoluta, considera que “existem condições para um governo que chegue ao final da legislatura” e aponta para a necessidade de “diálogo e compromissos” com o PS. Já em relação às eleições presidenciais e à recente candidatura do social-democrata Marcelo Rebelo de Sousa, deixa um recado: “Ainda não conhecemos todos os candidatos, não sendo ainda possível, portanto, avaliar quem melhores condições terá de protagonizar estabilidade política”.
José Manuel Oliveira
Como viveu a noite eleitoral há uma semana? Esteve reunido com militantes do PSD e do CDS, em Faro? Recebeu algum telefonema especial?
Vivi com normalidade. Com outros candidatos e com apoiantes. Falámos essencialmente dos resultados: da vitória clara da Coligação, da inexistência de maioria parlamentar, da necessidade de procurar consensos e equilíbrios num tempo em que é fundamental assegurar condições de estabilidade governativa. Recebi vários telefonemas especiais, porque vários amigos me ligaram durante a noite.
E a partir de agora, o que espera desta sua nova experiência como deputado na Assembleia da República?
Espero, sobretudo, estar à altura de cumprir com as responsabilidades que assumimos com a região, nos termos do manifesto que apresentámos e discutimos durante a campanha eleitoral.
Qual a primeira medida que pensa tomar como novo deputado do Algarve? E ao longo da legislatura, que propostas irá apresentar?
As nossas prioridades estão definidas no manifesto a que já fiz referência, pelo que a nossa atuação parlamentar não poderá deixar de se orientar nesse sentido: na luta por mais e melhor emprego, no reforço da importância das atividades ligadas ao mar e à agricultura, na procura de maior coesão social e de melhoria das condições de funcionamento dos serviços públicos, na requalificação da EN 125, na continuação dos investimentos nos portos e na modernização da linha ferroviária, na defesa do património… Estes são alguns exemplos das prioridades que definimos com a Região e que, naturalmente, orientarão a nossa atuação.
O que espera do novo Governo PSD/CDS sem maioria absoluta? Defende acordos com o PS? Em que áreas?
Os eleitores deram uma vitória clara à Coligação, mas sem maioria parlamentar. A Coligação deve, pois, formar Governo e procurar os indispensáveis equilíbrios que assegurem estabilidade. Isso exige diálogo e compromissos, como é normal em democracia. Também a procura de acordos com o PS me parece normal, desde logo por, ao contrário de outras forças políticas, partilhar os mesmos princípios de integração europeia. De resto, a Coligação apresentou-se ao eleitorado com um projeto político claro, venceu as eleições, deve formar governo.
Confia num Governo para quatro anos ou receia eleições antecipadas, como já se fala?
Penso que existem condições para um governo que chegue ao fim da legislatura, sendo certo que os governos não têm, obviamente, que resultar de maiorias absolutas. Instabilidade, de resto, é o que menos precisamos num tempo em que o essencial é assegurar que não se interrompe este ciclo de retoma da economia e de recuperação dos rendimentos.
Em face da sua experiência ao longo dos anos em vários organismos, estaria disponível para integrar o novo Governo?
Fui eleito deputado pelo Algarve. Gostava muito de cumprir esse mandato.
Qual é a sua perspetiva em relação às eleições presidenciais? Marcelo Rebelo de Sousa é o candidato ideal da coligação PSD/CDS ou apostaria noutra figura?
Ainda não conhecemos todos os candidatos, não sendo ainda possível, portanto, avaliar quem melhores condições terá de protagonizar estabilidade política.
Pensa manter-se como independente ou admite filiar-se no PSD?
Não é uma questão que se tenha colocado ou se esteja a colocar.
Perfil de José Carlos Barros:
É adepto do Sporting Clube de Portugal, elege o peixe assado com salada à montanheira nas preferências gastronómicas e aponta a paciência como a sua principal virtude. E a “falta de paciência” como o seu defeito. A tolerância é aquilo que mais aprecia nas pessoas. Com 52 anos, natural de Boticas e residente em Vila Nova de Cacela, no concelho de Vila Real de Santo António, José Carlos Barros, casado e pai de uma filha de 23 anos, é arquiteto paisagista licenciado pela Universidade de Évora e já desempenhou vários cargos públicos no Algarve na área do Ambiente e do Ordenamento do Território.
Entre outros cargos, foi diretor do Parque Natural da Ria Formosa e da Reserva Natural de Castro Marim, além de vice-presidente da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António, sob a liderança do edil Luís Gomes, atual presidente do PSD Algarve.
E quando se preparava para a “campanha da alfarroba” num projeto familiar de agricultura e turismo rural, como confessou em entrevista ao site da Algarve Vivo publicada no dia 17 de setembro, José Carlos Barros, também poeta e escritor, já galardoado com vários prémios a nível nacional, recebeu um telefonema do presidente do PSD e primeiro-ministro, Passos Coelho, a convidá-lo para encabeçar a lista de candidatos a deputados pela Coligação Portugal à Frente.
Sem filiação partidária, decidiu avançar à conquista de uma nova experiência na sua vida.