Lagoa concorre a Cidade Europeia do Vinho em 2022

A Câmara Municipal de Lagoa juntar-se-á às autarquias de Silves, Lagos e Albufeira para apresentar a candidatura do Algarve à Cidade Europeia do Vinho 2022. A pretensão foi anunciada por Luís Encarnação, presidente da autarquia lagoense, a 16 de outubro, na Quinta dos Vales, em Estômbar, durante a apresentação do concurso nacional deste produto.

A decisão surge na sequência de, nesse ano, ser uma cidade portuguesa a merecer a distinção. Assim, os quatro concelhos do barlavento algarvio, associados da Associação de Municípios Portugueses do Vinho (AMPV), entenderam que têm mais força se concorrerem juntos. “A Cidade Europeia será em Portugal, entre 2022 e 2023, porque vai ‘rodando’ por cada país. Até 2021 é Aranda de Duero, em Espanha. Será ainda apresentada, na próxima reunião da Rede Europeia de Cidades do Vinho, uma candidatura para organizar o concurso europeu, em 2022”, explicou José Arruda, secretário geral da AMPV.

Esta é também uma das razões que leva Luís Encarnação a confessar que tem esperança de que o Concurso Cidades do Vinho, que decorre em Lagoa no final de novembro, possa servir “de antecâmara, de preparação”, para que o homólogo europeu seja realizado no Algarve, caso ganhe a candidatura a Cidade Europeia do Vinho. No entanto, para essa decisão ainda falta muito tempo. Antes disso, ainda há um concurso nacional para promover.

Vinhos no Convento
Lagoa recebe o Concurso Cidades do Vinho no final de novembro, entre os dias 26 e 29, no Convento de São José. É a primeira vez que este evento de âmbito nacional se realiza e Lagoa estreia-se como anfitriã, porque a AMPV entendeu que seria a altura adequada para promover a região, os vinhos e o enoturismo do sul do país.

Os produtores algarvios não desiludiram e vão na dianteira de vinhos inscritos. Até porque uma das mais valias, segundo José Arruda, é que quem estiver inscrito no nacional fica, de modo imediato, inscrito para o Concurso das Cidades Europeias do Vinho (até ao ano passado chamado Città del Vino), a decorrer em Modena, na Itália, entre 20 e 23 de maio.

O programa do concurso nacional contempla uma prova dos néctares algarvios, no dia 26 de novembro, e nos dois dias seguintes oito visitas a produtores do algarve, dando a conhecer a realidade da região aos cerca de 140 participantes portugueses, espanhóis e italianos.

Lagoa na dianteira das participações
As inscrições para o Concurso Cidades do Vinho foram prolongadas até esta sexta-feira, 30 de outubro, mas até dia 16, já havia 400 inscritos. “A nossa estimativa é chegarmos aos 600 vinhos que serão avaliados por um júri composto por 33 pessoas e presidido por António Ventura”. Esta é uma boa notícia, pois levará a que o número de participantes portugueses no concurso europeu, triplique, pois em 2019, estiveram em Itália 230 vinhos.

E, nesta primeira fase, o Algarve não está muito atrás das principais regiões vitivinícolas, pois com 45 produtores, no dia 16, já era a terceira zona com mais vinhos inscritos. Lagoa, a anfitriã com nove produtores, já tinha inscrito 22 vinhos, o que deixa Luís Encarnação satisfeito.
“Tenho muito orgulho por saber desta adesão, porque, no fundo, é um sinónimo da importância que os produtores atribuem a este evento que vamos acolher. Temos uma longa tradição, enquanto território produtor, com mais de dois mil anos, e durante muito tempo fomos uma referência regional e nacional a nível de qualidade. Queremos aproveitar esta oportunidade para mostrar que foi possível fazer renascer essa qualidade e mostrar que os vinhos lagoenses e algarvios estão entre os melhores do mundo”, ressalvou o autarca. Até o local da apresentação, a Quinta dos Vales, foi escolhido a dedo, pois este projeto vitivinícola foi um dos pioneiros do enoturismo no concelho.

Enoturismo dinamiza economia regional
Os estudos demonstram que há cada vez mais pessoas a viajar motivadas pela gastronomia e pelo vinho e este facto tem, na opinião de Luís Encarnação, um enorme potencial para ajudar a esbater a sazonalidade. “Há aqui uma oportunidade de negócio que não podemos descurar, mas o vinho tem também a capacidade de motivar aqueles que visitam a região pelo sol e praia, fazendo-os voltar no futuro”, acrescenta.

Numa altura complicada para uma região que vive do turismo, com a pandemia da covid-19, o enoturismo será mesmo um nicho de mercado a explorar. “Metade dos nossos produtores já têm esta oferta. Há, porém, outra realidade a considerar. Vendemos a grande maioria dos vinhos que produzimos no Algarve localmente, cerca de 80 por cento. Às vezes, é preciso uma época menos boa para tomarmos consciência do que é necessário fazer. Durante o confinamento, os produtores tiveram essa consciência”, revela ainda Sara Silva, presidente da Comissão Vitivinícola do Algarve (CVA).

A dependência do mercado regional tem vantagens em anos menos bons de turismo, mas a responsável alerta que é necessário pensar em conjunto qual o caminho a seguir. “Talvez a exportação, pois temos turistas que podem ser futuros importadores para os países de origem e esse é um mercado muito grande para trabalhar”, considera Sara Silva. O certo é que os muitos produtores algarvios inscritos neste concurso nacional dão alento à presidente da CVA, pois “este tipo de iniciativas traz maior notoriedade aos vinhos, projetando a imagem da região”.

Uma opinião partilhada por Pedro Ribeiro, presidente da AMPV e da Câmara Municipal do Cartaxo, que assinala a variedade existente no país. “Andamos 50 quilómetros e temos diversidade na gastronomia, nos vinhos, na paisagem. Somos o país com a terceira maior diversidade de castas, somos o 11º produtor e o 8º exportador a nível mundial”, contabiliza.

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