Luan Andrade: “Quero seguir uma carreira na patinagem”

Texto: Rafael Duarte | Fotos: Kátia Viola


Quero seguir uma carreira na patinagem, não tenho dúvidas disso”. A certeza vem de quem ainda tem uma vida inteira pela frente. Luan Andrade, com apenas 10 anos, representou a Seleção Nacional de Patinagem Artística na Taça da Europa e ficou em quarto lugar no escalão infantil, onde competiram cinco atletas: três espanhóis e dois portugueses. O patinador do Clube de Patinagem de Albufeira foi o melhor português no final da prova que se realizou em Paredes, entre os dias 1 e 6 de novembro.

Luan admite que estava nervoso antes da prova, mas no final faz um balanço muito positivo da experiência: “Foi uma aventura que não esperei que chegasse assim tão cedo”.

“Neste desporto é preciso muito sacrifício e nós temos
que abdicar da nossa vida pessoal para o ajudar”

Acabou mesmo por ser uma surpresa para este menino e para todas as pessoas que têm acompanhado o seu trajeto, mas isto pelo simples facto de Luan só ter começado a competir há um ano.

“Foi um momento muito emocionante. Em relação aos miúdos que estavam lá de outros países, o Luan era o que tinha menos experiência. Foi a primeira vez para ele, tudo era novo”, recorda a mãe, Patrícia Andrade.

A treinadora, Célia Busatori, conta ainda as dificuldades que o atleta sentiu antes da prova. “Houve um período de estágio onde teve que ficar longe da família e da treinadora. Foi o grande desafio para ele e para mim também. Mas deu a volta na prova e o objetivo foi cumprido, porque o Luan queria muito superar o campeão nacional e conseguiu. Foi a nossa grande vitória”, sublinha.

Um caminho sobre rodas
O talento está dentro de Luan, mas afinal como é que este menino descobriu a sua vocação? “Ele praticava outros desportos, mas estava um bocado desanimado. Entretanto uma amiga praticava patinagem e convidou-o a experimentar. Apaixonou-se e nunca mais quis sair. A amiga até já se foi embora e ele continua. A caminhada dele tem sido muito rápida e não esperávamos isto. Eu fiquei surpreendida porque ele andava com patins normais de linha, mas nunca tinha demonstrado interesse em competir e adorou quando começou a praticar. São três anos de patinagem, mas só começou a competir no ano passado”, recorda a mãe.

A jovem promessa confirma: “Logo no primeiro treino senti que ia ter um bom futuro”.

Acompanhar o crescimento deste pequeno campeão tem sido emocionante para a família, mas também para o Clube de Patinagem de Albufeira. Célia Busatori juntou-se ao projeto há cerca de ano e meio e vê em Luan um menino muito especial.

“É fantástico ver uma criança tão focada e aplicada. Chegar a um clube e acompanhar esta evolução tão grande é muito gratificante como treinadora. É um rapaz que se dedica a 100% e gosta do que faz”.

“É fantástico ver uma criança tão focada e aplicada. Chegar a um clube e acompanhar esta evolução tão grande é muito gratificante como treinadora”

A partir das bancadas, chega o apoio incondicional da mãe, que se afirma fã número um e quer impulsionar o filho a voos mais altos. “O Luan adora isto, está cada vez mais apaixonado. Se não o controlarmos, só pensa em patinagem. Está sempre a pensar nos patins, no que vai fazer e o que precisa evoluir. Dou-lhe o meu apoio total. Neste desporto é preciso muito sacrifício e nós temos que abdicar da nossa vida pessoal para o ajudar”.

“O Luan encontrou-se na patinagem”
Estes resultados num curto espaço de tempo não são obra do acaso. Luan treina de segunda-feira a sábado entre uma hora a uma hora e meia, mas quando não está nos pavilhões faz o trabalho de casa ao acompanhar na televisão ou nas redes sociais as principais referências na modalidade.
“Quando eles são focados e têm um objetivo esse é o caminho. Durante a pandemia não tivemos sempre dentro da pista e há um trabalho de casa que ele fez muito bem e continua a fazer”, conta a treinadora.

Ainda assim, os estudos não podem ser esquecidos e também aí o atleta quer estar no topo. “Tento ter boas notas na escola e bons resultados na patinagem ao mesmo tempo”. E para tal, a mãe destaca o apoio da Federação e do diretor de turma, que têm sido fundamentais.

Para o futuro os objetivos estão definidos: “Quero ganhar a Taça da Europa”, garante. E quem rodeia o pequeno talento está pronto para o ver brilhar, principalmente a mãe. “Não sei até onde pode chegar, mas ele tem sonhos. Gostava que seguisse este caminho porque encontrou-se na patinagem. Vejo nele uma felicidade e alegria tremendas”, revela.

“Acho que vai chegar bem longe. Quem sabe se um dia à Taça do Mundo!”, diz a treinadora.”


Clube de Patinagem de Albufeira tem quatro anos

O Clube de Patinagem de Albufeira surgiu há quatro anos numa união de forças de várias pessoas. “Treinávamos na Associação Recreativa de Patinagem Artística, que era o único clube com a modalidade no concelho na altura, mas houve uma divisão. Por isso, juntamente com oito pais tivemos a ideia de criar uma associação. E assim nasceu o Clube de Patinagem de Albufeira em 2017”, recorda Celso Barradas, presidente do emblema.

Neste momento, contam com cerca de 50 atletas e o dirigente considera ser um número positivo, embora acredite que irão conseguir mais. A verdade é que estamos a falar de um projeto recente e, por isso, Celso Barradas conta qual o segredo para este crescimento tão rápido.

“É preciso muito trabalho e dedicação. Os atletas que chegam gostam muito da experiência. Também tem sido importante o apoio dos patinadores mais velhos que ajudam sempre os mais novos em tudo”.

O início é promissor, mas o clube ainda sente algumas dificuldades, uma vez que precisa de um pavilhão com determinadas medidas para os atletas puderem treinar nas melhores condições e isso nem sempre é possível.

“Os pavilhões são poucos e há muitas outras modalidades na região. Temos batalhado muito com a Câmara de Albufeira e que tem ajudado muito, mas precisamos de um bocadinho mais para conseguirmos evoluir os atletas de competição. Muitas vezes não temos disponível o pavilhão de Olhos de Água, que é o único que nos oferece as condições necessárias, e temos que levar os atletas para Lagos ou Olhão. Mas mesmo aí é necessária uma grande logística”, explica o responsável.

O espírito de união acaba por ultrapassar as barreiras que surgem e já deu resultados dentro da pista. O clube conquistou a Taça Alentejo/Algarve 2021, a 20 e 21 de novembro, que juntou 13 equipas. “Foi o primeiro troféu e por isso ficámos muito satisfeitos. Era uma conquista desejada por todos os clubes e nós com apenas quatro anos conseguimos esse feito”, lembra Celso Barradas.

Estes são só os primeiros passos deste projeto, mas já está decidido o percurso a fazer. “Queremos ver o Luan a vencer a Taça da Europa e alcançar grandes resultados nos Campeonatos Nacionais, até porque temos atletas excelentes nos nacionais e gostávamos de vencer essas competições.

imultaneamente vamos avançar muito em breve com mais uma modalidade no clube, que será o mini hóquei. Dentro da patinagem trabalhamos com técnicos especialistas nas diversas disciplinas como Solo Dance, Patinagem Livre e ainda Show e Precisão. Agora queremos apostar também no hóquei”, aponta o presidente.

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