Município de Loulé e Centro de Engenharia e Desenvolvimento assinam acordo para acelerar neutralidade carbónica 

Créditos: Município de Loulé

Usar a tecnologia como instrumento ao serviço da sustentabilidade, valorizando as ações dos cidadãos que contribuam para tornar Loulé numa cidade neutra em carbono, são os principais objetivos do protocolo celebrado esta quinta-feira, dia 19 de janeiro, entre a autarquia local e o CEIIA – Centro de Engenharia e Desenvolvimento.

A criação de um Mercado Local Voluntário de Carbono é um dos projetos a que esta parceria dará corpo, mas pretende-se também lançar as sementes para que a justiça climática neste concelho seja uma realidade.

A cooperação entre as duas entidades centra-se na redução de emissões de carbono na mobilidade, na integração de Loulé na rede de cidades neutras em carbono, na quantificação do stock de carbono e do potencial do sequestro pela biomassa vegetal, mas também na intenção em integrar medidas transversais de justiça climática na gestão autárquica.

É através da plataforma AYR, desenvolvida por este centro de investigação, que vai ser possível quantificar, em tempo real, as emissões de carbono evitadas quando um cidadão usa um modo de mobilidade sustentável.

A partir daí, serão gerados créditos em cada ação. Ou seja, criados ativos ambientais transacionáveis que poderão ser trocados por novos bens e serviços verdes, no ecossistema da cidade, que permitam compensar as emissões emitidas com as emissões evitadas. É esse Mercado Local Voluntário de Carbono, através desta nova “moeda da sustentabilidade”, que se pretende formar em Loulé, possibilitando ao cidadão “valorizar um determinado tipo de comportamento que ele possa adotar e tenha impacto no seu dia-a-dia”.

José Rui Felizardo, administrador do CEiiA, explicou, na cerimónia de assinatura do protocolo, que os dados serão recolhidos através de um device colocado nas bicicletas, carros, autocarros, scooters ou outros meios, permitindo a leitura de forma fidedigna. “Este Mercado permite gerar este tipo de transações, com uma grande preocupação que é a de que estes sejam créditos fidedignos, tenham qualidade e impacto na neutralidade carbónica da cidade”, ressalvou este responsável.

E se há cinco anos, através de um dos créditos gerados, foi possível pagar simbolicamente um café em Matosinhos, agora a ideia é ir mais longe pelo que este será, nestes moldes mais amplos, um projeto pioneiro em Portugal. Loulé será assim “uma espécie de laboratório vivo”, como referiu o autarca Vítor Aleixo, feliz por assistir a este “casamento” entre as questões ambientais e a tecnologia. Entusiasta deste projeto, adiantou que “a vontade política e os recursos humanos sensibilizados para as questões da neutralidade carbónica” tornam Loulé num “parceiro apetecível”. 

A par do incentivo aos cidadãos louletanos na adoção de estilos de vida mais sustentáveis, o município quer também envolver os principais players do mundo empresarial que operam na cidade, como a CIMPOR, o IKEA, o Mar Shopping, o Lidl, o Aldi, entre outros. “Este é um desafio que é lançado a toda a comunidade, às empresas, às famílias, aos cidadãos, todos são chamados a dar aqui o seu contributo”, sublinhou.

Ainda no âmbito deste projeto, o responsável municipal disse que Loulé quer agora juntar-se às oito cidades portuguesas que integram a “Rede de Cidades Neutras em Carbono”, o que permitirá dar maior visibilidade às ações mas também “maior responsabilidade”.

Por outro lado, ao nível da mobilidade, anunciou que em breve será aberto um concurso público para o lançamento de uma rede de bicicletas de uso partilhado/bike sharing em Loulé, Quarteira, Vilamoura e Almancil, para um período de cinco anos, no valor de 6,7 milhões de euros.

Apontando para o futuro, falou de um novo capítulo que se irá abrir em termos da política ambiental e de ação climática do Município: a justiça climática. “Não haverá mudança no mundo se, associada à transição climática, não formos justos com toda a comunidade. A transição e a adaptação à mudança do clima tem custos incríveis que não podem ser repercutidos em segmentos específicos de pessoas que normalmente não têm voz e são aquelas que são chamadas a pagar a maior parte da fatura, quando nem sequer são elas os maiores responsáveis pelas alterações do clima”, sublinhou Vítor Aleixo.

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