O Algarve continua a destacar-se como polo científico
João Lourenço Monteiro | Biólogo | Cantinho da ciência
O Camarão
O Algarve tem-se destacado ao nível da investigação científica nos últimos meses. Ainda em 2019, uma equipa de investigadores do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, da Universidade do Algarve e da Universidade de Aveiro publicou um artigo na revista ‘Marine Biodiversity’ onde descreveu uma nova espécie de crustáceo, semelhante a um pequeno camarão, para a área da Ria Formosa, à qual foi dado o nome de ‘Apseudopsis formosus’. Este trabalho foi o resultado de anos de amostragens, identificação e investigação ecológica.
O Trigo
Em janeiro, Hugo Oliveira, investigador do Centro Interdisciplinar de Arqueologia e Evolução do Comportamento Humano da Universidade do Algarve, juntamente com uma equipa de investigadores da Universidade de Manchester, publicou na revista científica ‘PLOS ONE’ um artigo que ajuda a compreender as origens evolutivas do trigo.
A espécie em estudo é o Farro, um antepassado do atual trigo, que até ao início do século passado era cultivada em Portugal. Recuando ainda mais no tempo, milhares de anos para o passado, esta espécie estava associada ao período da história humana que corresponde à passagem do período dos caçadores-recoletores para os agricultores, mas cuja origem geográfica era desconhecida. Para esclarecer esta questão, este grupo de cientistas analisou a genética de 189 variedades domesticadas de Farro, de trigo-duro e do ancestral selvagem. Segundo a nota de imprensa, os cientistas “propõem que variedades de Farro selvagens, cultivadas por humanos mas ainda não domesticadas, propagaram-se desde o sul do Levante até ao sudeste da Turquia, onde se terá misturado com uma população locais de Farros selvagem produzindo a primeira variedade domesticada”, demonstrando também a existência de uma história evolutiva que não é muito diferente da de outros cereais.
As Alterações Climáticas
No final de janeiro, a Universidade do Algarve, em Faro, acolheu mais de 250 cientistas, oriundos de 60 países, especialistas em alterações climáticas para elaborarem um relatório, destinado aos governos, com uma avaliação sobre os impactes que as mudanças climáticas terão não só nos ecossistemas como nas atividades humanas e apresentação de propostas para gestão dos riscos associados ao clima. Este relatório, organizado pelo IPCC, uma entidade da Organização das Nações Unidas, estará pronto no próximo ano.