Opinião Apologias

João Reis | Professor, in Lagoa Informa Jornal, nº165


Para, de alguma forma, aliviarmos da reprodução tão frequente de factos desagradáveis, deprimentes ou inconsequentes, com origem na pandemia, no clima ou na política, surgem-nos por vezes motivos que merecem a nossa atenção, o nosso apreço, a nossa apologia. Um deles, de tempo ainda recente, guindou Portugal a surpreendente posição de “país MAIS”, o que nos fez palpitar um forte sentimento de orgulho, tão arredado tem estado.

Refiro-me, claro, à “task-force” (tarefa esforçada) que conseguiu o feito de vacinar os previstos 85% da população nacional, antes de qualquer outro país. Tudo isto, entre 3 de Fevereiro e 29 de Setembro deste ano 2021 e – muito importante e raro entre nós – de acordo com o planeamento feito.

Se o primeiro cumprimento vai, por justas razões, para quem a liderou – o Vice-Almirante Henrique Gouveia e Melo – justo será, também, que não seja esquecida, POR NINGUÉM, a vintena de militares de diferentes postos dos 3 ramos das nossas Forças Armadas que constituiu a equipa que, tão perfeitamente, soube interpretar o pensamento daquele seu Chefe.

Construindo um verdadeiro “Estado-Maior de Força de Reacção Imediata”, os elementos daquela equipa desenvolveram uma relação funcional entre as suas diferentes especialidades técnicas, científicas e sociais em prol de um objectivo da Nação – a vacinação contra a covid-19, o mais rapidamente possível. Todos, prontos pró combate, nos seus camuflados de mangas arregaçadas, em vez de vistosos uniformes de passeio ou de cerimónia, deram exemplos de humildade, de rigor e disciplina, de patriotismo com vontade de cumprir e vencer. Não podem, pois, ficar no anonimato. Não de somenos importância foi a capacidade desta Força Armada de altruísmo e confiança para envolver toda a comunidade na causa que foi a luta colectiva contra a malfadada pandemia; quer dizer – a mensagem foi inteligente e claramente transmitida, tendo sido bem compreendida e aglutinadora, de tal forma que propiciou esta tão brilhante vitória merecedora de tantas referências elogiosas, cá dentro e lá fora. Percebe-se, então, que a OMS (Organização Mundial de Saúde) considere esta campanha um “case study” (caso de estudo).

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Aí temos, assim, o que tanto desejamos que aconteça mais vezes: o encontro de CAUSAS, LIDERANÇAS e ENVOLVIMENTO COLECTIVO, nos seus verdadeiros conceitos – CAUSAS, que defendem ideias com princípios e fins justos; LIDERANÇAS, que apontam o caminho, inspiram e comandam; ENVOLVIMENTO COLECTIVO, entendido como participação efectiva (e afectiva) e, também, consciente dos fundamentos da “causa”, com aceitação colaborante e crítica da “liderança”.
UMA ESPÉCIE DE NOTA FINAL
Para além da formidável campanha de vacinação que liderou, Gouveia e Melo deixou registo das lições aprendidas durante o processo e um texto na WIKIPÉDIA. Tirou, pois, ilações da experiência que conduziu e que poderão servir outros actores, no futuro; simultaneamente, apresenta um relatório às Entidades que o nomearam, dando conta do seu desempenho. Chamo, a isto, sentido de responsabilidade, integridade, lealdade, trabalho consequente.

É bonito!!!
Senhores – não arrumem, já, os vossos camuflados; podem aparecer, por aí, outros “vírus” para combater……..

Sr. Vice-Almirante, MUITO OBRIGADOS! A nossa perfilada CONTINÊNCIA.

Artigo escrito sem a aplicação do novo acordo ortográfico.

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