Opinião: Comemorações

João Reis | Professor


Mesmo mutilando monumentos que lembram factos ou pessoas, será impossível alterar ou apagar a HISTÓRIA. Podemos julgá-la, sim; mas, isso, sempre feito com os “olhos-de-hoje” e de forma subjectiva – o que, a uns, parece ter sido “errado”, a outros, poderá parecer ter sido “certo”. Mais – o “certo” e o “errado” também têm tido diferentes “leituras” nas diferentes épocas. O que é preciso, porém, é NÃO REPETIR o que foi erro absoluto. E, aí, a HUMANIDADE tem sido capaz de, com a sua porfia e inteligência, ao longo dos tempos, aprimorar comportamentos e pacificar relações humanas, pondo-as em LEI, sob a forma de DIREITOS UNIVERSAIS.

Ainda longe de sermos uma sociedade perfeita, temos de reconhecer que, entre “o cravo” e a “ferradura”, estamos – TODOS – bem diferentes da antiga barbárie ou da ignorância medieval.

Entretanto, cada povo, cada nação deverá continuar a recordar, enaltecer e celebrar momentos e figuras da sua HISTÓRIA, de forma descomplexada, porque “um povo que vira as costas à sua história é um povo que renuncia ao seu futuro”, diz uma historiadora espanhola.
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Esta tão “adorável” quão “dominadora” internet trouxe-me, há dias, uma magnífica reportagem realizada pela “Radiotelevisão da Cidade Autónoma de Ceuta” em 2015 (há 5 anos) para comemorar os 600 anos da tomada daquela cidade, pelos Portugueses, em 21 de Agosto de 1415 – um vídeo muito informativo, muito simpático para com Portugal e os Portugueses, que destaca a importância cultural e civilizacional deste “início das descobertas” e do que os historiadores de todo o Mundo viriam a chamar “ Idade Moderna”, sucessora da “Idade Média”. O feito português assentara em motivos geoestratégicos (era preciso evitar a passagem dos piratas que, do Mediterrêneo, vinham assaltar o sul do País), mais os sociais, os económicos, religiosos e políticos, motivos consentâneos com a realidade da época. As comemorações, nesta reportagem, foram espanholas… Procurei, pois, saber se, há 5 anos (2015) tínhamos tido, por cá, idênticas lembranças daquela data; e encontrei, apenas, uma conferência sobre o tema, em Dezembro, na CM de Lisboa, e uma exposição alusiva, além de algumas referências na imprensa… Mais nada!!! (se os caros leitores tiverem conhecimento de quaisquer outros eventos relacionados, p.f. informem este jornal – terei muito gosto em referi-los).

É de pensar, seriamente, no que alguém disse: “Todos nós somos, essencialmente, o nosso PASSADO; o presente é efémero e o futuro uma incógnita”. Celebrá-lo é, pois, um dever!

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Foi, por isso, uma alegria saber que, em Ferragudo, em 21 de Agosto, foram comemorados os “500 ANOS DA CRIAÇÃO DE FERRAGUDO”, determinado pela Rainha D. Leonor de Avis (curiosamente, na mesma data em que, em 1415, fora tomada a Cidade de Ceuta). Junta de Freguesia local e Câmara Municipal de Lagoa programaram um conjunto de actividades de que se destacou uma sessão de apresentação da 2ª edição do livro “BARLAVENTO-Histórias do Algarve”, da autoria do ferragudense Dr. Luís António dos Santos, homem letrado e Presidente da CM de Lagoa na década de 60. A feliz ligação do presente ao passado recente – vida do Autor – e ao mais longínquo – época da Rainha Leonor – estabelece memórias que perdurarão no FUTURO da VILA DE FERRAGUDO. Parabéns, pois, à Câmara Municipal, ao dinâmico Luís Veríssimo e à Junta de Freguesia a que preside. E, a outro ferragudense, o Tomás Pires/Tomás Santos, que , brilhantemente, fez a alocução sobre o Livro, o seu Autor e a História da sua Terra.( O que eu, sendo da outra margem, aprendi!!!)

CONGRATULEMO-NOS COM A RECORDAÇÃO DO PASSADO DAS NOSSAS TERRAS, DAS NOSSAS GENTES!!!

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