Opinião: O mundo do saber-fazer
Joana Martins Jacó
Organizadora Profissional Certificada
CEO da Mondom (serviços e consultoria em organização)
www.mondom.pt
No tempo em que o entretenimento televisivo era pontual e que crescíamos a brincar na rua, assistir na RTP1 aos programas de culinária de Filipa Vacondeus e do Chef Silva era tão deslumbrante como assistir a um programa de talentos nos dias de hoje.
Assistimos à inovação, a uma nova forma de comunicação que se tornava mais real, mais próxima do espectador. Daí em diante, às nossas mesas, os cozinheiros da família colocavam, semana a semana, o fruto desses ensinamentos trazidos do universo da caixinha mágica.
Estes programas evoluíram e cozinhar sobras ou bacalhau de 20 formas distintas tornou-se o ‘prato do dia’.
Contudo, com a chegada dos canais por cabo, surgiram diversos alinhamentos com temáticas ‘domésticas’ que se juntaram à já conhecida culinária; decoração, arquitetura, maquilhagem, animais de companhia, DIY (faça você mesmo), entre outros.
No A&D (antes e depois) onde proferimos o famoso Wow! E deixamos cair umas quantas lágrimas ao ver a reação dos intervenientes e respetiva família e amigos, somos inundados de conteúdos dissimulados. Uns úteis e interessantes, outras vezes, comerciais. Se refletirmos sobre isso, entendemos o quão desprovidos de interesse poderão ser os reality ou talent show´s (programas que retratam o quotidiano ou revelam talentos) em comparação com programas em que há propósito, em que há transformação pessoal, em que retemos algo num momento de descontração e ocupação lúdica.
Durante os últimos anos visionei várias temporadas do famoso programa culinário Masterchef, naquela que é conhecida como sendo a mais completa e interessante versão deste cardápio de talentos.
Raramente coloquei em prática as suas receitas ou dicas. Por achar inacessíveis, por me sentir incapaz de cortar com uma faca de chef, por haver em casa quem queira ir para a cozinha ‘fazer das suas’, mas acima de tudo porque não tenho grande interesse em pôr as ‘mãos na massa’. Não memorizo nada do que vejo… Comprar ingredientes, prepará-los para a confeção, organizar bancada e mesa de refeições, faz de mim uma pessoa mais feliz e alinhada com o meu propósito.
Reflita comigo. Qual o seu intuito nos momentos de lazer televisivo? Retém ideias e dicas dos programas que vê?
A organização como profissão começou a alinhar-se na minha vida ao ver um programa televisivo e algumas das técnicas e dicas que uso provêm desses ensinamentos.
Apercebo-me que enriqueço pessoal e profissionalmente quando assisto a programas de organização/ desorganização crónica, desenvolvimento pessoal, arquitetura ou decoração de interiores. São temas que me trazem positividade e alegria. Aprendo, faço e isso deixa-me feliz.
Podemos assistir a vida toda e não retermos nada de benéfico ou alteramos a mesma para sempre. Se ainda não se alinha com os conteúdos que escolhe, lembre-se, está sempre a tempo! Há um mundo à sua espera! Entre no seu!