Paulo Sérgio: “Sonhar ainda não paga imposto”

Texto: Hélio Nascimento, in Portimão Jornal nº29


Uma vitória sobre a Académica (2-1) para a Taça da Liga, no arranque da nova época e na antecâmara do campeonato, agora cada vez mais à porta. Paulo Sérgio volta a ser o homem do leme do futebol alvinegro e para já é a tranquilidade que lhe norteia o passo seguinte, como deu a entender nesta entrevista ao Portimão Jornal.

O que é que pode prometer aos adeptos e aos portimonenses em geral para esta nova época?
Aquilo que prometi no primeiro dia em que cá cheguei: seriedade e trabalho para atingir os objetivos do clube, inserido num projeto que passa pelo desenvolvimento dos jovens, o que, de certo modo, dificulta o trabalho do treinador, mas que, ao mesmo tempo, é bastante estimulante. O empenho é máximo todos os dias.

Podemos esperar por um Portimonense mais ambicioso?
Será o nosso trabalho a dizer se teremos andamento para sermos mais ambiciosos. Sonhar ainda não paga imposto, todos sonham com grandes temporadas, depois, todavia, é o campeonato que vai medir essa ambição, mas o mais relevante, continuo a dizer, é focar no jogo seguinte, que vai determinar o seguinte e por aí fora. O primeiro objetivo é a permanência, depois podemos sonhar, ninguém foge à regra, tirando três ou quatro clubes que têm outros objetivos. Para os demais, acho que é abrangente.

O plantel deixa-o satisfeito? Já perdeu jogadores…pode perder mais?
Posso perder mais alguns jogadores, dos muitos que se fala, como posso não perder mais nenhum. Sei que a SAD não precisa de vender, tem as contas equilibradas, está forte, é a mensagem que me chega, mas há negócios aos quais não se pode dizer que não. Se alguns saírem, terão de ser substituídos em qualidade e com critério. As posições em défice estão identificadas e a administração está a trabalhar nisso.

O Paulo lançou vários jovens na última época, casos de Beto, Fali Candé e Luquinha, por exemplo, e todos com sucesso…
Felizmente, lançámos muitos miúdos no panorama do futebol português, jovens que eram desconhecidos, tiveram a sua chance, alguns ainda na época anterior, e agarraram as oportunidades, mas ainda têm de trabalhar muito para atingir um nível maior. Se continuarem a evoluir, depois o céu é o limite. Importa que sonhem alto e que sejam ambiciosos. Esses jovens têm já essa ambição e um futuro risonho.

O Beto será, porventura, o melhor desses exemplos?
Não queria destacar nenhum, mas, se me pergunta pelo Beto, digo que a continuar assim, com esta evolução, pode de facto sonhar alto.

O ser associado ao interesse de grandes clubes nunca perturbou o jogador?
Não mexeu com o Beto porque ele tem uma cabeça boa, uma cabeça forte, é dono de uma atitude obstinada, no trabalho diário, e, apesar de ter atuado com limitações nos últimos quatro ou cinco jogos, nunca se refugiou. Dá sempre tudo o que tem, com a alma toda e um caráter tremendo. Não mexeu com ele, por se falar tanto em saídas e em milhões, mas, por vezes, mexe com os do lado.

Mexe com os companheiros, é isso?
Toda a gente quer aparecer, são jovens, e falar-se insistentemente no A e não no B, enfim, todos os jogadores trabalham para o grupo, para que o Beto brilhe, depois falou-se só no Beto, daí que eu diga que possa mexer mais com os outros. Tenho o cuidado de ir dividindo o mérito por todos, não há nenhum Beto que jogue e marque golos sozinho, mas no futebol olhamos sempre mais para quem mete a bola dentro da baliza e há outros que mereciam igualmente ser destaque.

Escolher 11 para jogar é sempre um bico de obra para o treinador. Como gere a situação?
Vou destacar, nesse contexto, o Ricardo Ferreira e o Pedro Sá, que queriam ter jogado mais, mas que têm uma importância tremenda no grupo, não só pela longevidade no clube, mas também por serem bons exemplos para os mais novos. São grandes profissionais. Estão lá todos os dias como se fossem titulares indiscutíveis, gosto muito desse tipo de homens, sempre prontos! Felizmente, há mais alguns, mas destaco estes também pelo que já deram ao clube.

Uma vez que continua atento à equipa de sub-23, há lá mais gente para ir buscar?
Estou atento aos sub-23, sim, faz parte do meu trabalho e do projeto do clube. É difícil tirar todos os anos seis ou sete, mas há alguns que vamos chamar para iniciarem a pré-época connosco, a quem auguro um futuro positivo, como o central canhoto Filipe Relvas, no qual deposito grande expetativa.

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