Projeto algarvio de poupança de água está quase pronto

Texto e foto: Jorge Eusébio


No final de março deverá ficar pronto o protótipo que o empreendedor Pedro Glória tem vindo a desenvolver e que tem como objetivo ajudar as famílias a pouparem muita água em casa.

Trata-se de um sistema, a que deu o nome SWRS – Shower Water Recycling System, que permite a reutilização da água dos duches e banhos, que depois é canalizada para a sanita, permitindo que, dessa forma, se consiga uma substancial poupança deste cada vez mais precioso e escasso líquido.

O seu projeto conquistou, recentemente, o primeiro prémio do programa Green Up, o que teve como consequência que lhe fosse entregue um cheque no valor de 4 000 euros. Pedro Glória diz que “tinha esperança em conseguir um bom resultado, mas não quis criar grandes expectativas”.

A vitória neste concurso deu-lhe visibilidade a nível nacional, o que poderá fazer com que seja mais fácil conseguir investidores ou parceiros que ajudem a colocar o seu produto no mercado o mais rapidamente possível.

Com o protótipo quase pronto, o passo seguinte é definir a melhor estratégia para a produção em escala de um kit que, de forma simples e com poucos custos, possa ser colocado nas casas de banho de qualquer habitação e também em hotéis e equipamentos públicos.

Músico de profissão, este lacobrigense tem, também, uma grande paixão pelas questões da sustentabilidade e da reutilização. Considera que o desperdício de um bem essencial como a água é quase criminoso, pelo que, já há algum tempo que resolveu estudar o assunto e ver de que forma poderia, eventualmente, contribuir para tornar o problema menos grave.

Focou-se, especialmente, nos gastos de água nas casas de banho e chegou à conclusão de que os simples gestos de puxar o botão do autoclismo e tomar um duche ou banho de imersão são responsáveis por “cerca de 25 a 30% da água que consumimos em nossas casas”.
Foi trabalhando, em ‘part-time’, num sistema que permitisse grandes poupança, a este nível, até que surgiu a pandemia, que teve um impacto negativo muito forte na sua profissão. Percebeu que, pelo menos a curto prazo, iria ter de mudar de vida e resolveu focar-se, quase em exclusivo, neste projeto.

Instalou-se, então, na incubadora de empresas StartUp Portimão, onde encontrou um “importante apoio, sobretudo ao nível da mentoria, da disponibilização de pequenas ações de formação, do marketing e da diversificação da rede de contactos”.

Ao mesmo tempo que ia desenvolvendo o projeto, começou a participar em muitos eventos relacionados com esta temática, de forma a dá-lo a conhecer e, ao mesmo tempo, a obter mais informação e conhecimentos.

O seu empenho, dedicação e trabalho levaram a que nesta altura esteja praticamente pronto o ‘kit’ através do qual “se faz a recolha automática da água do duche ou do banho de imersão, a qual é enviada para um reservatório ou para um autoclismo, sem a necessidade de fazer obras na casa de banho”. Isso vai permitir que a água que tem, atualmente, apenas uma utilização passe a ter duas.

O empreendedor pretende que a versão que vai desenvolver para uso doméstico seja bastante simples, de forma a que “qualquer pessoa possa proceder à sua instalação”, sem necessidade de ter de contratar alguém para isso.

Naturalmente que um dos elementos essências que determinará se terá sucesso comercial é o preço, que não pode ser muito elevado.
Pedro Glória está bem ciente disso e garante que “o objetivo é que o investimento fique pago com o que as pessoas vão poupar na conta da água ao fim de cerca de 3 anos”. E não tem dúvidas que vai ser perfeitamente possível consegui-lo, uma vez que “os materiais necessários – sobretudo, bombas e sensores – são relativamente baratos quando comprados em grandes quantidades”.

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