Roberto Alberto: “Temos de aumentar a competitividade do plantel”

Roberto Alberto é lagoense, cresceu na Mexilhoeira da Carregação, tem 37 anos, jogou no futebol sénior do Grupo Desportivo de Lagoa e agora contribuiu de forma decisiva, enquanto treinador, para o regresso aos Campeonatos Nacionais, ao garantir, a seis jornadas do fim, o título de campeão da 1ª Divisão da Associação de Futebol do Algarve. É a sua segunda subida a esta prova, depois de já o ter conseguido ao serviço do Esperança de Lagos. Ao Lagoa Informa, fala do que foi a temporada, elogia o trabalho dos jogadores, da direção e realça o apoio dos adeptos. Ainda não tem ‘assinada’ a continuidade, mas diz “que naturalmente” irá acontecer.

Qual foi a fórmula de sucesso para a subida do GD Lagoa?
Acho que não houve uma fórmula, mas sim um trabalho de conjunto, desde jogadores, treinadores, staff e direção em prol de um objetivo em comum. Se houve algum segredo foi unir toda a gente em torno desta ambição.

O que encontrou no clube no início da época e o que teve de mudar?
Mudámos algumas coisas, nomeadamente em relação aos recursos que tínhamos. Quis capacitar o clube de gente da minha confiança, nomeadamente o staff técnico. Também fiz uma remodelação no plantel, mantendo poucos jogadores da temporada anterior e fui buscar outros que considerei importantes para a minha forma de jogar. Depois, promovemos uma mudança de mentalidades, segundo a qual o importante é olharmos só para nós e não nos importarmos com o exterior.

A subida de divisão sempre foi o objetivo?
Não era o principal.

Então a direção não lhe pediu o Campeonato de Portugal?
Não. Tinha um orçamento igual ao da época anterior, foi-me pedido um projeto a dois, três anos em que pudéssemos melhorar as performances classificativas das épocas anteriores, tentando os três primeiros lugares. Nunca me foi pedida a subida. Só que fomos trabalhando jogo a jogo, os resultados foram aparecendo e isso veio dar maior confiança. No final, o trabalho que foi desenvolvido de forma sustentada deu frutos.

Mas a época não começou da melhor maneira…
Tivemos quatro jornadas em que somamos quatro pontos, mas quem via o Lagoa a jogar percebia que havia qualidade e eu, como responsável, até estava tranquilo, porque tínhamos uma avalanche ofensiva muito grande. As bolas é que não entravam. O processo de jogo estava lá e tinha a certeza que as coisas iriam acontecer naturalmente. Até fomos eliminados na primeira fase da Taça do Algarve. A partir de certo momento, as coisas começaram a acontecer, fruto do trabalho de todos, desde os jogadores, à equipa técnica e à direção. A confiança foi aumentando e fizemos uma sequência de 17 jogos sem perder.

Após essa série surge uma derrota inesperada…
Sim, já estávamos no primeiro lugar, mas acho que foi uma derrota importante frente ao Carvoeiro United, último classificado, que nos veio abrir os olhos. Não há derrotas boas, mas esta permitiu voltar à terra, voltar a vestir o fato da humildade e prepararmos melhor a fase de apuramento de campeão. Veio em boa hora.

Com os bons resultados, o apoio também foi crescendo…
Sim, sentimos isso. À medida que fomos ganhando, as pessoas foram aparecendo. Sentimos a cidade, os adeptos no Estádio Capitão Josino da Costa e o apoio da claque. Deram-nos uma força extra quando foi preciso. Tivemos a bancada sempre cheia em Lagoa e isso ajudou.

Qual é o ponto forte desta equipa?
A união do grupo, dos jogadores e de tudo o que está à volta. E depois a qualidade dos atletas, não só a futebolística. São bons jogadores, escolhidos pela equipa técnica, mas que mostram grande disponibilidade e compromisso no treino. É um grupo focado no treino, que veio para vencer e tem ambição. Fomos campeões a seis jornadas do fim do campeonato e eles continuam a treinar como se ainda não tivessem conquistado o título. Isso demonstra o caráter e a mentalidade que têm.

O CAMPEONATO DE PORTUGAL
Já está a preparar a próxima temporada?

Sim, temos falado internamente. As coisas ainda não estão definidas, mas estamos a conversar no sentido de fazer um bom planeamento para a participação no Campeonato de Portugal. A direção está em sintonia com a equipa técnica, vamos fazer as coisas com calma e tentar ter no Campeonato de Portugal o sucesso que tivemos este ano. Com ponderação, com os pés bem assentes no chão e responsabilidade vamos procurar fazer um bom planeamento.

É certa a sua continuidade?
Ainda não está ‘preto no branco’, mas as coisas estão encaminhadas nesse sentido e irão acontecer naturalmente.

Sente que o GD Lagoa está preparado para o desafio de competir no Campeonato de Portugal?
Primeiro importa frisar o trabalho que a direção tem feito, nomeadamente o presidente Luís Dias e os seus colaboradores, como o Miguel Costa. Estão a fazer tudo para dar condições e bases sólidas para o sucesso do clube. Acho que as condições estão a melhorar, mas como é óbvio ainda há muita coisa para fazer, no que diz respeito a infraestruturas. As pessoas estão empenhadas, têm humildade para perceber os pontos fortes, mas também o que deve ser melhorado. É importante referir a ajuda do município de Lagoa em termos de iluminação do Estádio Capitão Josino da Costa. É um trabalho conjunto que está a ser feito e que permitirá ter sucesso. A manutenção no Campeonato de Portugal será certamente o objetivo para a próxima época e com este trabalho ficará mais próximo de ser alcançado.

O que vai precisar esta equipa para se manter na competição?
É um campeonato totalmente diferente, onde estive durante alguns anos. A exigência é muito maior, os clubes são praticamente todos profissionais, trabalham de dia, têm recursos humanos e financeiros diferentes e muita gente por trás a suportar a equipa principal. O GD Lagoa terá de ser dotado de bons jogadores. Temos atletas muito bons, mas como é óbvio precisamos de melhorar o rendimento da equipa. Dentro do plantel, já temos muitos elementos com experiência, mas teremos de fazer os ajustes necessários, com um ou outro jogador da formação e um ou outro de mais longe. São questões que iremos avaliar em breve. Temos de aumentar a competitividade do plantel para fazermos um campeonato tranquilo na próxima temporada.

Com um campeonato mais exigente, o número de treinos terá de aumentar?
No ano passado já fizemos essa alteração. Os seniores do GD Lagoa treinavam três vezes por semana, nós alteramos para quatro. Na próxima época, certamente iremos fazer cinco treinos por semana, mais o jogo. Pelo menos para igualarmos os adversários e sei que alguns fazem treinos bidiários. Conhecendo a competição e a ambição do clube, dois treinos por dia poderão ser um cenário a abraçar, mas só num futuro mais à frente.

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