Sagres ameaça parar trânsito na EN 268

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População da freguesia de Sagres enviou 520 cartas ao presidente do conselho de administração da empresa pública Infraestruturas de Portugal a protestar contra o estado degradado da via, entre o cruzamento de acesso à praia do Martinhal e a rotunda das quatro estadas. Se até final de janeiro próximo não houver resposta, poderão ser tomadas “medidas no terreno”, admite ao ‘site’ da revista Algarve Vivo o autarca Luís Paixão. Câmara de Vila do Bispo espera que a EN 268 passe para a jurisdição do Município para poder realizar as obras necessárias, num valor superior a um milhão de euros.  

José Manuel Oliveira

Um total de 520 cartas assinadas por cidadãos da freguesia de Sagres chegou, antes do Natal, à empresa Infraestruturas de Portugal a protestar contra a acentuada degradação da Estrada Nacional 268 ao longo de pouco mais de um quilómetro, entre a Rotunda das Quatro Estradas, como é conhecida nesta localidade do concelho de Vila do Bispo, e o cruzamento de acesso à praia do Martinhal.

Em janeiro próximo, os habitantes insistirão com um abaixo-assinado e se, até ao final desse mês, não houver resposta por parte do presidente do conselho de administração daquela empresa pública, então poderão vir a ser tomadas “medidas no terreno, como uma marcha-lenta ou até outras, dependendo da decisão da população”, admitiu à Algarve Vivo o principal responsável da Junta de Freguesia de Sagres, Luís Paixão.

Já o presidente da Câmara de Vila do Bispo, Adelino Soares, revelou àquele autarca que aguarda uma reunião com dirigentes da Infraestruturas de Portugal para a EN 268 passar para a jurisdição deste município da Costa Vicentina e assim poder levar a efeito as obras necessárias, as quais “ultrapassam um milhão de euros”.

Estrada degradada com acesso ao promontório de Sagres, agora distinguido como Marca do Património Europeu

“A população da Vila de Sagres manifesta junto de V.Exª. o descontentamento pelo estado deplorável em que se encontra a estrada nacional 268 entre o cruzamento para a praia do Martinhal e a Rotunda das Quatro Estradas, em Sagres”. Assim começa, recorde-se, a minuta da missiva a que a Algarve Vivo teve acesso e publicada no dia 10 do corrente, dirigida por residentes naquela freguesia, em duas fases, ao presidente do conselho de administração da empresa pública Infraestruturas de Portugal, com sede na Praça da Portagem, em Almada.

O objetivo, como foi sublinhado na altura, era, a partir da adesão dos cidadãos, “inundar” até ao final do ano a secretária do principal responsável daquele organismo estatal com cartas a protestar pela situação da estrada, que dá acesso a um monumento distinguido neste mês de dezembro como Marca do Património Europeu, como é o caso do Promontório de Sagres.

Após referir que a via “é o cartão-de-visita de uma das vilas mais visitadas de Portugal, recebendo anualmente mais de 500 mil visitantes”, além de destacar a projeção turística de Sagres a nível mundial e a pretensão de continuar a afirmar-se como destino de excelência, a carta frisa que a EN 268, “da responsabilidade da Infraestruturas de Portugal, não tem as mínimas condições de segurança para peões e automobilistas. Esta falta de segurança está bem patente nas bermas da estrada, que obrigam os peões a circular na faixa de rodagem, aumentando o perigo aquando do cruzamento entre veículos”. “Apesar desta via ser a espinha dorsal de Sagres e a que mais precisa de uma intervenção, devido ao facto de não pertencer ao domínio da Câmara Municipal não acompanhou a requalificação urbana que a autarquia, com um enorme esforço financeiro, efetuou na vila de Sagres”, salienta.

“Só por milagre, ainda não aconteceu nenhum acidente grave”

Insistindo no alerta para a degradação da EN 268, a carta, datada de dezembro corrente, indica que “há vários anos que esta via não tem manutenção. Não tem passeios, o pavimento está em mau estado, não tem rede de drenagem das águas pluviais, tem a sinalização vertical danificada, a sinalização horizontal é escassa e a que existe está apagada”. E acrescenta: “Esta é uma via que, além de ser a entrada de Sagres, dá acesso a uma superfície comercial e à escola primária, onde transitam idosos, crianças e centenas de automobilistas diariamente. Felizmente, só por milagre, ainda não aconteceu nenhum acidente considerado grave”.

A carta termina com um aviso: “A falta de sensibilidade do organismo que V.Exª. dirige está a fazer com que a nossa paciência esteja a atingir o limite do razoável. Esperamos que esta missiva obtenha uma resposta de V. Exas que vá ao encontro das nossas expectativas o mais breve possível. Partiremos para outras formas de protesto, que podem pôr em causa a normal circulação rodoviária, caso não obtenhamos uma resposta satisfatória da vossa parte”.

“Não iremos ficar de braços cruzados custe o que custar”

Numa freguesia com mais de 1.500 eleitores, o facto de esta forma de protesto ter contado apenas com 520 cartas até não surpreendeu o presidente da Junta, Luís Paixão: “Está dentro das expectativas”, garante o autarca à Algarve Vivo.

“A EN 268, nesta zona, precisa praticamente de uma estrada nova. O perigo para viaturas e peões aumenta de dia para dia. Não iremos ficar de braços cruzados custe o que custar”, conclui o autarca, admitindo que a população de Sagres venha a “parar o trânsito de surpresa”.

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