Alunas da Stam conquistam medalha de ouro em Madrid

A Associação de Dança Stam brilhou em Madrid, a 3 de fevereiro, ao conquistar duas medalhas de ouro na ‘Final Internacional – Art Without Borders’, na categoria de Dança Urbana.

A dupla Madalena Jesus e Milene Silva arrecadou uma das vitórias e a outra foi conquistada, a solo, por Íris Oleiro. Um marco histórico desta associação que promove o ensino da dança em Lagoa desde 2020 e tem registado um crescimento significativo, somando já cerca de 30 bailarinos, num total de 80, somando os que tem em Armação de Pêra, Albufeira, Pêra e Silves.

Hernâni Neves, um dos fundadores da associação, a par de Tatiana Teixeira, professora de dança, destaca a importância deste resultado para a escola. “Hoje em dia vivemos muito de resultados e acho que essa era uma das coisas que nos faltava para comprovarmos o nosso trabalho. Começamos a competição em Huelva e garantir o apuramento para a final internacional e ganharmos na primeira vez que em concorremos, acho que demonstra muito o que somos capazes de alcançar”, explica, revelando um pouco da personalidade de cada uma das bailarinas.

“A Madalena é bastante trabalhadora. Nós falamos de qualquer coisa a fazer, a corrigir, e na hora a seguir ela já está a trabalhar para melhorar. A Milene é bastante explosiva, mas tem uma alma imensa. Sentia que a Milene e a Madalena, em conjunto, podiam ganhar algo e tinha grande esperança nelas, o que veio a confirmar-se. A Íris é uma lutadora. Antes de vir para cá, já lutava muito. Sabíamos o potencial dela, mas nunca lhe conseguimos transmitir isso, para ela perceber. Esta vitória é muito importante para ela e para mim foi uma grande felicidade”, afirma o responsável.
Logo ao lado, os professores Tatiana Teixeira e Leandro Mendes ministravam mais uma aula cheia de ritmo, energia e entusiasmo aos cerca de 30 alunos presentes.

Fazer crescer
Desde que iniciou a sua atividade, as prioridades da Stam nunca foram os resultados, mas essa realidade começa agora a mudar.

“O nosso foco sempre foi fazer crescer os nossos alunos e dar-lhe ferramentas, nunca foi muito a parte competitiva. Mas desde que optámos por ter uma equipa de competição, achamos por bem começar a mostrar resultados, porque isso vai ajudar-nos a crescer e até conseguir mais apoios para a associação”, refere Hernâni.

Fundada em 2017, a Stam tem vindo a crescer e a expandir a sua atividade, que abrange os concelhos de Lagoa, Silves e Albufeira.

“Acho que somos uma das associações de dança mais completas do Algarve. Conseguimos abranger a vertente social, juvenil, cultural e desportiva. Continuamos com o problema na sede, pois há muitas atividades que queremos e podemos fazer, mas isso não é possível por não termos as condições necessárias. Mas isso não tem impedido o nosso crescimento, nem a valorização do nosso trabalho”, acrescenta.

Projeto social em Lagoa
Um dos projetos mais recentes que a associação está a desenvolver está relacionado com os bairros sociais de Lagoa. “Queremos trazer as pessoas dos bairros aqui, que se sintam integradas e pratiquem dança. Este projeto está prestes a arrancar em Lagoa e já está feito um protocolo com o município nesse sentido”, revela Hernâni Neves.

A associação tem, atualmente, a componente de competição dos 12 aos 18 anos, mas irá abrir, brevemente, também uma classe de competição para os alunos mais novos, a partir dos seis anos.

Hip-hop’ e ‘breaking’
A Stam promove o ensino dos estilos ‘hip-hop’ e ‘breaking’. As aulas regulares decorrem à segunda e quarta-feira, às 18h30, para idades dos seis aos 11 anos, e às 19h30 para os alunos dos 12 aos 18, numa sala do pavilhão da ESPAMOL, em Lagoa.

Ao sábado têm lugar as aulas de competição, com uma duração de três horas e que apenas envolvem os alunos que participam em competições. Os interessados podem contactar a associação através dos seguintes contactos: stam.legacy@gmail.com/926373616. A primeira aula é experimental e não tem qualquer encargo.

AS CAMPEÃS

“A Stam é uma família, sinto muito carinho aqui”

Madalena Jesus tem 17 anos, reside em Silves, e não vive sem a dança. A medalha de ouro conquistada na ‘Art Without Borders’, em Madrid foi o culminar de um percurso de muito trabalho. “Por um lado, foi uma surpresa, mas por outro estava um pouco à espera, porque sabia onde poderia chegar. Foi o meu primeiro lugar numa prova internacional e o resultado mais importante que alcancei”, reconhece. Pratica dança há quatro anos, prefere o hip-hop, mas faz outros estilos. “O que gosto é de dançar para exprimir sentimentos. Sinto uma felicidade muito grande a dançar e ajuda-me quando estou triste. A dança ajuda-me a sentir incluída em alguma coisa”, revela Madalena. Para atingir este nível são precisos alguns sacrifícios, mas nada que a incomode. “Sim, é preciso abdicar de algumas coisas, como idas a festas, almoços ou jantares. Mas a mim não me custa, porque escolheria sempre a dança em primeiro lugar relativamente a qualquer outra coisa”, salienta. O seu sonho é “ser professora de dança” e diz sentir-se muito bem na Stam. “É como uma família. Adoro cá estar e sinto muito carinho”, afirma.

“É um grande orgulho ter alcançado esta vitória”

Milene Silva tem 15 anos, vive em Lagoa, pratica dança desde os sete e sente-se realizada com o resultado alcançado em Madrid. “Foi muito bom. Após a vitória, percebi que consegui evoluir muito para chegar a este resultado e senti um grande orgulho. A minha família estava presente e acho que isso também ajudou, pois senti mais apoio e uma alegria ainda maior, também para festejar com eles esta conquista”, refere a jovem. Este terá sido um dos momentos mais marcantes desde que é bailarina e explica que a dança tem uma grande importância na sua vida. “Nesta arte consigo transmitir o que não consigo através das palavras. Sinto-me muito bem na Stam, pois aqui há um ambiente diferente de outras companhias e é quase como uma família, há um espírito muito positivo e sentimos alegria e entusiasmo. Ao final do dia, ao vir cá sinto-me aliviada, pois nas aulas liberto-me e esqueço tudo o resto”, sublinha Milene. O seu sonho é um dia “tornar-se uma bailarina profissional e ensinar esta arte aos mais novos”.

“Dançar é estar na minha zona de conforto”

A dança faz parte da vida de Íris Oleiro há dez anos. A adolescente, de 15, vive em Armação de Pera, garante que “a dança é a sua forma de expressar-se”. Vibrou com a medalha de ouro a solo em Madrid, mas não se deslumbra. “Senti-me grata pelo resultado e uma mistura de sentimentos. Foi um dia feliz, mas só dançar já me traz muita alegria”, assegura a bailarina. “O que mais gosto na dança é que esta arte permite que as pessoas possam expressar-se sem qualquer problema. A mim faz-me muito bem, ao dançar, sinto-me livre e ser livre faz-me feliz”, salienta. Ainda assim, Íris lembra os sacrifícios para ser melhor nesta prática. “Tive de treinar muito, de abdicar de alguma coisas, mas sempre cumpri com as minhas responsabilidades. Houve muitas lágrimas, dores, mas tive também momentos de alegria, de aprendizagem e de motivação para fazer melhor. Tudo valeu a pena”, explica. A dança, reconhece, é o seu “refúgio”. “A dança tem muita importância na minha vida. Todos precisamos de um refúgio, dançar para mim é a minha zona de conforto, como se fosse o meu quarto”, revela.

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