Associação POIS dá novas cores a Portimão

A Rua Direita, em Portimão, ganhou um novo colorido no final de julho, mas esta é uma ideia que se estenderá a outros pontos da cidade, por onde passa a Rota Acessível. Do atual cinzento, a via ganhará novas imagens ao sabor da criatividade dos artistas.

Tanto assim é, que as candidaturas para a próxima etapa estão abertas até dezembro, com a previsão de que novos troços sejam pintados entre fevereiro e junho de 2024.

O projeto é da associação Palco das Ondas Invisíveis Studio (POIS), recém-criada por um pequeno grupo de arquitetos, artistas, empresários e jovens locais, para implementar ideias que ‘tornem Portimão a cidade mais fixe do mundo’.

Criada há poucos meses, com dez pessoas, a maioria estrangeiros, sobretudo de origem brasileira e francesa, que vivem e trabalham na cidade, juntaram-se para melhorar esta zona. Essa diversidade de origens e de profissões dá-lhes uma visão mais global e permite que, em conjunto, pensem em respostas mais eficazes para implementar. A ideia é dinamizar o centro, a economia, chamar e atrair pessoas.

Para já, a pintura da Rota Acessível foi apenas um primeiro passo. “Estamos a fazer um ‘open call’ a artistas” até dezembro, explica Camille Bobeau, empresária proprietária da ‘Le French Cookie’, situada na Rua Direita.

“Vamos fazer uma chamada a propostas. No entanto, as pessoas têm que perceber logo é que isto não é só gostar de pintar. É uma tinta que tem uma aplicação específica, tem prazos e é algo muito cansativo. Então vai ter um género de caderno de encargos e vamos pedir também à pessoa que se candidata para desenhar uma pequena parte só para mostrar o que vai fazer a nível gráfico”, avança. As autarquias envolvidas terão de validar, mas uma das ideias é que seja feita uma votação na POIS para escolher o vencedor.

Para já, a parte pintada, na Rua Direita, foi uma obra da artista francesa Charlotte Mohns, mais conhecida por ‘Caïros’, que se inspirou “nas cores do Algarve e nas formas da arquitetura e da natureza local para fazer este desenho”, acrescenta a empresária. A intervenção foi financiada pela Junta de Freguesia de Portimão, com o apoio da Câmara Municipal. Há, por isso, a promessa de continuar a colorir mais espaços da Rota Acessível.

Abrir Rua a um Mercado
“O segundo projeto que gostaríamos de desenvolver, de seguida, e também para continuar este projeto do desenho na Rua Direita, é o de fechar pontualmente esta via para torná-la num mercado ao ar livre gigante. A ideia é que as lojas que quiserem abrir abram, e as que queiram estar fechadas deixem espaço livre à frente que possam ser ocupados por vendedores de rua, animações, concertos, jogos”, descreve a jovem.

A ideia é que se torne um evento recorrente, e que se repita a cada mês, exemplifica. Ainda não há datas certas, mas a ideia era que começasse em março ou abril e que fosse depois realizado com frequência. “Temos uma listagem de ideias há bastante tempo, mas ainda não foram analisadas, não têm orçamentação, nem nada. Vamos estudar aos poucos”, refere Camille.

Até porque a POIS foi criada há pouco tempo e todos os elementos que a constituem ainda têm de estudar o que é viável, o que faz mais sentido. E com a inauguração de um troço da Rota, logo houve o compromisso de alargar este projeto, daí o foco estar nesse âmbito e não em novos projetos. E a associação também terá que crescer um pouco, pois está aberta a qualquer interessado, desde que partilhe estes objetivos de tornar a cidade mais vibrante.

‘Portimeow’ é um novo guia
Com algumas apostas no centro da cidade por parte de jovens empreendedores e com novos conceitos, um grupo de empresários juntou-se para criar o ‘Portimeow’. “Temos vontade de trazer pessoas ao centro histórico de Portimão e todos tivemos a experiência de termos clientes que nos perguntavam onde era o centro, o que podiam visitar e o que podiam ver, comer… Às vezes não sabíamos o que responder ou recomendar, mas agora, quando nos perguntam podemos entregar este mapa. É bastante seletivo, porque a ideia é partilhar apenas quem tenta fazer coisas diferentes e, assim, garantimos que os nossos clientes que lá vão, serão acolhidos de uma maneira boa”, esclarece Camille. Quase todos se conhecem e têm orgulho de recomendar, porque sabem que as pessoas serão bem tratadas.

“Um projeto que nos encheu de alegria”

“Este projeto foi-nos proposto pela POIS e encheu-nos logo de alegria, uma vez que íamos dar um novo colorido a esta Rua, com a ajuda da Câmara, porque sem o seu auxílio não seria possível concretizar. Foi com muito gosto que a Junta de Freguesia de Portimão ajudou e se associou a esta iniciativa”.
Maria da Luz Santana, Presidente da Junta de Freguesia de Portimão

“O que é preciso, às vezes, é alguém começar”

“É muito bom termos uma associação constituída por jovens que não são portimonenses, nem são portugueses, mas que estão de tal forma integrados na nossa cidade que a sentem como sua e querem fazer mais e melhor por ela. O que é preciso, às vezes, é alguém começar. Todos juntos, fazemos mais e melhor. A união entre a Junta de Freguesia e a Câmara também mostrou que, assim, se consegue maximizar. E este é primeiro projeto, que pode não ficar apenas pelas pinturas. A verdade é que já estamos a antecipar e a dar um colorido diferente para a comemoração dos cem anos de elevação a cidade, em 2024”.
Isilda Gomes, Presidente da Câmara Municipal de Portimão

Porquê POIS?

“Como estrangeira adoro esta expressão portuguesa”, começa por explicar Camille Bobeau, uma das impulsionadoras da associação. O ‘POIS’ funciona quase como que uma evidência e de facto foi essa evidência de que havia muitas coisas de que este grupo sentia falta que os levou a agir. “Sentimos que podíamos trazer proposições e respostas a essas faltas e, então, pareceu uma evidência criar esta associação e que esta pudesse participar num processo de melhoria da cidade”, argumenta, em português, ainda com sotaque francês. A sigla é a de Palco das Ondas Invisíveis Studio e remete para uma ideia latente de mudar e tornar Portimão uma cidade ainda mais vibrante e viva. “Quando falamos com as pessoas sentimos que há uma grande vontade de mudar e a ideia é esta associação ser o palco para essas ondas invisíveis que chamem mais pessoas a se juntar a este movimento”, defende.

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