Franceses, suecos e britânicos compram ‘tudo’ em Lagos

Texto: Jorge Eusébio


Um dos objetivos definidos pela Câmara de Lagos, no seu orçamento e plano de atividades para este ano, é a reabilitação dos imóveis degradados e em ruínas, sobretudo os que ficam situados na zona nobre da cidade.

Com esse objetivo foi criada uma Área de Reabilitação Urbana (ARU), que, diz o presidente da autarquia, Hugo Pereira, permite “que os proprietários tenham acesso a importantes apoios para levar a cabo as obras”.

Para garantir que o edificado naquela zona ganha nova vida, a autarquia inclusivamente definiu, no referido documento, a possibilidade de ser ela própria a levar a cabo as intervenções necessárias, em acordo com os proprietários ou até de forma coerciva. Depois, os imóveis seriam colocados em regime de arrendamento, revertendo a verba para a Câmara até que o investimento fosse ressarcido.

No entanto, refere o autarca, essa possibilidade até agora nunca teve concretização prática e é muito provável que, pelo menos nos tempos mais próximos, não venha a ter.

Isto porque, “o imobiliário na cidade, sobretudo o que fica situado na zona histórica, continua a ter muita procura e praticamente assim que algum edifício é posto à venda acaba por ser adquirido” por pessoas com elevado poder de compra que o renovam e reabilitam.

A maior parte dos compradores são estrangeiros, “sobretudo franceses, suecos e também britânicos que, depois de um período em que investiram menos, têm, nos últimos tempos, regressado em força ao mercado imobiliário do concelho”.

A habitação mais cara
Esta grande procura dá-se apesar de aquele ser um dos concelhos em que o preço por m2 é dos mais elevados do país, de acordo com dados divulgados no final de janeiro pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), referentes ao terceiro trimestre de 2019.

Aí pode ler-se que o concelho de Lagos foi o sexto mais caro do país, com o preço mediano das habitações a atingir 1.875 €/m2. Trata-se de um valor bastante acima da média nacional, que foi de 1.054 €/m2 e também da região algarvia, que registou 1.635 €/m2.

Com preços mais elevados do que Lagos, apenas surgem os concelhos de Lisboa (3.205 €/m2), Cascais (2.529 €/m2), Oeiras (2.211 €/m2 ), Loulé (2.089 €/m2 ) e Albufeira (1.894 €/m2 ).

O aumento do valor dos imóveis acaba por ter como consequência negativa que uma grande parte da população local fique sem capacidade financeira para comprar ou mesmo arrendar habitação.
Para minorar esse problema, Hugo Pereira lembra que a autarquia tem em vigor uma série de iniciativas, entre os quais o apoio ao arrendamento.

Outra das vertentes definidas, a este nível, é o plano de construção de fogos em diversas zonas do concelho, de que se destacam cerca de uma centena em terrenos recentemente adquiridos na cidade de Lagos.

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