Legislativas: corrida aos votos vai começar

 Texto Ana Sofia Varela

As eleições legislativas estão marcadas para 6 de outubro e já está tudo a postos para a ‘rentrée’ política e para começar a caça aos votos. No Algarve, a apresentação das listas nos principais partidos, que há dois meses, gerava algumas incertezas, está agora concluída. São muitas as ‘voltas’ e algumas as repetições, havendo ainda candidatos de ‘fora’ e novos partidos que se sujeitam ao escrutínio. 

Até outubro ainda muito pode mudar, em relação a 2015, desde logo porque o Partido Social Democrata (PSD) e CDS correm sozinhos e no Algarve ambos precisam de muito esforço para conseguir reverter resultados. Se em 2011, separados conseguiram 71 mil votos, em 2015, juntos apenas conseguiram quase 60 mil. E, se por um lado, o Bloco de Esquerda tem vindo a ganhar força, assumindo-se como a terceira força política na região, roubando o lugar do PCP, por outro, há o PAN, que aos poucos tem vindo a crescer, (ainda que não deva ser o suficiente para eleger um deputado no Algarve), e o Aliança que se apresenta como novidade. Os resultados, esses, só serão conhecidos na noite de 6 de outubro e na região há nove lugares disponíveis.

Autarcas socialistas

O Partido Socialista foi aquele que mais mudanças efetuou, quer pelas caras novas, quer pela mudança de posições. O secretário-geral António Costa apostou em Jamila Madeira, antiga eurodeputada e atual deputada na Assembleia da República, para encabeçar a lista pelo Algarve. Uma importância que deverá ser tida em conta no futuro, pois a vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS assume maior destaque que José Apolinário, atual secretário de Estado das Pescas e ex-presidente da Câmara Municipal de Faro. Surge também à frente de dois autarcas: Jorge Botelho, presidente da Câmara Municipal de Tavira e da Comunidade Intermunicipal Amal, que será terceiro na lista, e Maria Joaquina Matos, presidente da Câmara Municipal de Lagos. 

Esta escolha implica que os dois autarcas sejam substituídos pelos vice-presidentes e que a AMAL fique aos cuidados de Osvaldo Gonçalves (Alcoutim), enquanto não é escolhido um novo representante. A opção de colocar autarcas na lista acaba por contradizer o que António Costa defendia, pois sempre afirmou que estes tinham de terminar o respetivo mandato.

O presidente da Federação e atual deputado Luís Graça concorre apenas em quinto, correndo o risco de estar num lugar não elegível, caso se verifiquem os resultados de 2015.

A verdade é que há quem especule, numa leitura política, que se o PS ganhar e formar governo, os dois primeiros lugares na lista podem subir a cargos de maior relevo. Pelo menos, o nome de José Apolinário é certo e este deverá manter a pasta da Secretaria de Estado das Pescas. Jamila Madeira pode ser uma hipótese no governo que o PS formará, caso ganhe, pois tem vindo a ganhar destaque no seu percurso na Assembleia da República, sendo vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS.

Se houver ‘mexidas’ para formar governo, e caso o PS não consiga subir os números de 2015, Luís Graça poderá assim subir a deputado, mantendo-se na Assembleia da República. Na verdade, os socialistas têm a esperança de conseguir ‘roubar’ deputados a outros partidos da oposição. O que poderá abrir a porta a Ana Passos, que para já ocupa o sexto lugar. Seguem-se Francisco Oliveira (Albufeira), Célia Paz (Vila Real de Santo António) e Abel Matinhos (Loulé). Como suplentes foram escolhidos José Pedro Cardoso (Portimão), Ana Sofia Belchior (Silves), José Luís Domingos (Castro Marim), Helena Martiniano (Monchique) e António Pina (Olhão). A mandatária da lista é Isilda Gomes, presidente da Câmara Municipal de Portimão.

 

PSD esquece barlavento

No Partido Social Democrata (PSD), Rui Rio resolveu dar um voto de confiança a Cristóvão Norte, atual deputado eleito em segundo lugar nas últimas eleições de 2015.

Para David Santos, presidente da distrital do PSD Algarve, esta é uma “boa notícia para a região”, até porque este foi um dos nomes defendido pelas concelhias para submeter à aprovação da Comissão Nacional. Sabe a Algarve Vivo que, caso não fosse este o candidato escolhido, alguns militantes recusar-se-iam a participar na campanha no Algarve.

No dia 30 de julho, a Distrital do PSD apresentou uma lista a Conselho Nacional que apenas coloca nos lugares de topo personalidades do eixo central, relegando para outros lugares concelhias do barlavento. Isto porque, em segundo lugar foi aprovado Rui Cristina, presidente da Comissão Concelhia do PSD de Loulé, em terceiro Ofélia Ramos, líder da concelhia farense, e em quarto, Elsa Cordeiro, que foi candidata à Câmara Municipal de Tavira nas últimas autárquicas. Apenas em quinto lugar é escolhido Carlos Gouveia Martins, líder da estrutura portimonense e eleito para a Assembleia Municipal daquela cidade, voltando o sexto lugar a ser destinado a Bruno Sousa Costa, de São Brás de Alportel. O sétimo lugar é destinado a Bárbara Amaral, presidente da JSD Algarve, seguindo-se Graça Pereira, membro da Assembleia Municipal de Alcoutim e antiga administradora do Centro Hospitalar do Algarve, e ainda Carlos Cabral, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública na região, de Olhão. Ou seja, em nove lugares, apenas um é destinado ao barlavento, ainda que segundo os últimos resultados de 2015, o PSD só tenho conseguido eleger dois deputados. 

A verdade é que ficam esquecidos grandes concelhos, cada um na casa dos 40 mil eleitores, como Lagos e Albufeira, que poderiam fazer a diferença na conquista de votos junto desta faixa do eleitorado.

Também o mandatário da lista é Macário Correia, ex-autarca em Tavira e Faro.

O PSD marca a rentrée política, ainda que Rui Rio defenda que é apenas um convívio de amigos, em Monchique, com a Festa do Pontal, a 31 de agosto, a invocar solidariedade para com o concelho que sofreu com os incêndios em 2018. Uma política de deslocalização que começou com o novo líder, quando este, no ano passado, escolheu Alte para acolher a tradicional festa laranja.

 

CDU renova

O deputado Paulo Sá deixa a Assembleia da República e retorna à Universidade do Algarve, onde é docente, após oito anos como eleito pela região. Será, porém, o mandatário regional da CDU.

Quem o substitui como primeiro candidato é Tiago Raposo, com 35 anos, natural de Tunes, eleito na Assembleia de Freguesia de Algoz e Tunes, membro da Direção da Organização Regional do Algarve do Partido Comunista Português (PCP). Até 2017 foi distribuidor comercial. 

Acompanham-no na lista Catarina Marques, professora no concelho de Faro como segunda candidata na lista, seguindo-se Mário Cunha, advogado com escritório em Faro, Joana Sanches, enfermeira no Hospital de Portimão, Rui Ribeiro, gestor de Turismo e Paula Vilallonga, médica em Vila do Bispo e membro do PEV.

A totalidade da lista, composta por 14 elementos, será apresentada à mesa do Jantar Comício que a CDU realizará a 15 de agosto, em Portimão, e que contará com a participação de Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP.

 

Vasconcelos pelo Bloco

O professor de História, com 63 anos, e atual deputado pelo Bloco de Esquerda desde 2015, João Vasconcelos, volta a ser a aposta do partido para as próximas legislativas.

Foi membro da Direção do Sindicato dos Professores da Zona Sul e do Conselho Nacional da FENPROF. É fundador e porta-voz da Comissão de Utentes da Via do Infante, na luta contra as portagens no Algarve desde 2010. É vereador na Câmara Municipal de Portimão, eleito em 2013 e reeleito em 2017, tendo sido também deputado municipal em Portimão. 

Em número dois segue-se Helga Viegas, com 40 anos e de Olhão, como independente. É advogada, licenciada em Direito pela Universidade de Coimbra e integrou o executivo da Junta de Freguesia de Olhão, eleita pelo Bloco.

 

CDS escolhe João Rebelo

O autarca da Assembleia Municipal do Seixal João Rebelo foi o escolhido para representar o CDS-PP como primeiro da lista na região, sendo assim concretizada uma diretiva nacional da estrutura política que Assunção Cristas resolveu adotar, e que gerou algum desagrado nos militantes algarvios, segundo apurou a Algarve Vivo junto de algumas fontes.

O partido promoveu o Conselho Nacional no dia 1 de agosto onde definiu os candidatos das listas, sendo que no Algarve José Pedro Caçorino, presidente da distrital e vereador na Câmara de Portimão ocupará o segundo lugar, ainda que não seja um lugar elegível.

Paulo Baptista no PAN

Já o PAN apresenta como cabeça de lista Paulo Batista, consultor imobiliário, enquanto o Aliança, recém partido formado por Santana Lopes, depois deste sair do PSD, terá como rosto nas legislativas Telmo Martins, que desde 1 de abril é o coordenador distrital do Algarve do partido. 

Um anúncio que surgiu depois de Odília Lopes que tinha assumido o compromisso de ser a representante do Aliança no Algarve nas próximas eleições, ter desistido desta função e dos cargos de coordenadora da concelhia de Albufeira e da Direção Política Nacional.

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