Opinião | Portugal – Um estado bestial

Pedro Manuel Pereira | Historiador | in Portimão Jornal nº 28


Passados que são mais de oitocentos anos de Estado/Nação, Portugal vive nos dias que correm, na primeira quadra do terceiro milénio, enquadrado num cenário verdadeiramente calamitoso, pré-comatoso.

A Nação está gravemente enferma e o aparelho do Estado que o domina, capitaneado pelo governo em funções mais os seus apoiantes satélites, encontra-se dominado pela partidarite feroz, corroído por bandos de gente de mau carácter, carcomido pela corrupção endémica, pela venalidade, canalhice, psicopatia, quadrilhice, boçalidade e, afirmemo-lo sem rebuços, pela bestialidade apoiada numa rede de bufos e chibos ao serviço do poder.

Ele é vê-los nas redes sociais… Quem criticar o governo, os “geringonços”, saltam-lhe em cima uma dúzia de criaturas camufladas atrás de avatares, que, como lobos esfaimados, atacam o crítico sem dó nem piedade com instintos assassinos.

Possivelmente existe uma enorme alcateia deles assalariados pelo poder. Como disse um dia o falecido empresário e ex-ministro Coelho: – “quem se mete com o PS leva”.

O aparelho do Estado português não é “bestial” por associação ao termo, “excepcional”. Não, o Estado é bestial no sentido literal do termo, ou seja, uma besta, neste caso, rectangular, de acordo com a sua configuração geográfica e assim actua perante todos e cada um: – forte com os fracos e fraco com os fortes.
Estamos perante uma alimária vesga controlada politicamente, que não toma os cidadãos por igual perante a lei, antes os discrimina em função das suas opções políticas e/ou situação económica detida por cada um.

Por estar gravemente enfermo, o Estado estrebucha, esbraceja quotidianamente como que para fazer prova de vida, usando sobretudo o seu membro viril(?) chamado de “finanças”, com o qual esgravata, devassa e atemoriza a privacidade e a vida dos cidadãos, com isso fazendo roerem-se de inveja os pides reformados que ainda sobrevivem.

Maneta, perneta, vesgo de um olho, zarolho do outro, o Estado por mal de estar maltrata a maior parte dos cidadãos que ao longo de mais de quatro décadas displicentemente permitiram que fosse amamentado à barba longa por bandos ligados ao rotativismo político.

Bem (mal) criado, passadas que são mais de quatro décadas do 25 de Abril de 1974, o Estado entrou na fase de decrepitude em que se encontra e faz sofrer os mais fracos.

Chagas de variados tipos atanazam o seu corpo, que possuem nomes de várias autarquias, clubes de futebol, bancos manhosos, patos bravos, lobbies políticos, associações de (falsamente) “bem-fazer” e outras chagas sociais purulentas e humanamente poluentes, tendo em comum viverem agarradas às franjas do Estado.

A corrupção mina as suas bases onde se encontram indiciadas entre outras criaturas de mau viver, alguns ex-magistrados, antigos e actuais secretários de estado, autarcas, ministros, altos quadros da administração pública e até um ex-primeiro ministro.
O governo que o sustenta, nele se ceva e o esmifra para seu sustento e da camarilha sua clientela. Paga mal e porcamente aos seus funcionários e dele se serve a seu belo prazer de acordo com insondáveis desígnios que escapam ao comum dos cidadãos, criando e manipulando falsa propaganda como se de informação credível se tratasse, através de órgãos de informação domesticados e “alimentados como burros a pão de ló” ao seu serviço que botam para a rua chorrilhos de notícias manipuladas como se fossem verdadeiras, veiculando de noite e de dia das mais diversas formas as virtualidades do seu “bem-fazer” ao povo português.

Eles são aumentos miseráveis das pensões mais desgraçadas, propalados aos quatro ventos até à exaustão. Em contrapartida, pela surrelfa, aumentam brutalmente os impostos indirectos como no caso dos combustíveis, duplicam e triplicam as taxas dos actos administrativos (certidões, licenças, taxas e outros…) pela calada da noite numa proporção incomparavelmente superior aos aumentos/esmola que concederam aos pensionistas, sem contar com os funcionários públicos que não têm aumentos nos seus vencimentos desde 2009 e dos trabalhadores em geral que, entretanto, não viram aumentos decentes (os que viram), tal como os que auferem o salário mínimo.

Em suma: os miseráveis aumentos das reformas e das pensões para os dos escalões mais baixos assim como o aumento mixuruca do salário mínimo, sem contar com a manutenção do congelamento dos vencimentos na função pública, não acompanham os aumentos dos impostos indirectos que se refletem nos produtos e bens de consumo e outros, redundando numa diminuição do rendimento disponível dos cidadãos singulares e das famílias.
Os sindicatos, por sua vez, que se encontram em fase de amor platónico/estratégico, coordenados pelos partidos que os controlam, não tugem nem mugem e quando tugem é de forma pouco clara e entendível por quem veja e oiça bem. Trabalham afanosamente para manterem uma falsa paz social, evitando greves e outras manifestações que possam desagradar ao poder.

O investimento nos sectores produtivos é praticamente nulo. O mesmo se passa quanto ao investimento no sector público. A emigração dos jovens qualificados e de outras faixas etárias em busca de emprego, de pão para comer com o esforço do seu trabalho que escasseia em Portugal, embora mais lentamente devido à “pandemia”, marcha de “boa saúde”.

Continua a hemorragia do melhor das gentes deste país, sendo certo que a maior parte daqueles que abalam à procura de um presente e de um futuro com futuro (passe a redundância), não regressarão mais, definitivamente à pátria.

É evidente que este cenário “cor-de-rosa” acabará por ruir um dia, mais cedo do que muitos dos seus apaniguados pensam e, quando esse dia chegar, cairá com muito estrondo. A mentira assente na propaganda tem sempre o futuro a prazo.

Se não existe criação de riqueza suficiente para sustentar a Nação, de onde vem o dinheiro que a mantém?

O despudor é total, a desbunda é natural, minam o Estado e a sociedade e atentam contra a democracia e a cidadania.

*Artigo escrito sem a aplicação do novo acordo ortográfico

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