Turismo retoma de forma gradual dos efeitos da pandemia

A maioria dos negócios no Algarve está a menos de ‘meio gás’ nesta altura, que costuma ser a época alta do turismo na região. Muitos dos empresários, ligados a este setor ou que dele dependem sofrem as consequências de uma baixa ocupação, o que ‘atira’ também muitas pessoas para o desemprego.

É uma realidade para o destino turístico e apesar dos números de pessoas infetadas com a covid-19 estarem longe de ser alarmantes, este será um ano de fortes quebras para quem vive no Algarve.

No último mês eram cerca de 850 os casos registados na região, em acumulado desde março de 2020, dos quais 550 estão recuperados, conforme apontavam os dados divulgados pela Comissão Distrital de Proteção Civil de Faro, a 24 de julho. Nesse mesmo mês, Portugal continuava fora da lista de destinos seguros que alguns países criaram, o que implica que os turistas façam uma quarentena de 15 dias, após o regresso ao seu país.

À Algarve Vivo, João Fernandes, presidente da Região de Turismo do Algarve, não deixa margem para dúvidas. A retoma será lenta até que se atinjam níveis anteriores à pandemia e será sempre condicionada pela evolução deste novo vírus.

“Em janeiro e fevereiro deste ano estávamos a crescer 14,6 por cento em dormidas, num início de ano fantástico, a atenuar a sazonalidade e a conseguir diversificar mercados”, começa por recordar o responsável. Um progresso que foi interrompido em março, onde a atividade caiu logo quase 50 por cento, seguido de abril e maio com os números a zero, devido ao confinamento e o regresso de muitos turistas que estavam na região ao país de origem.

Junho é o mês da retoma, mas os dados que a Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA) apresenta em relação à média de ocupação de quarto estão longe de ser satisfatórios. Em junho de 2019 esta taxa situava-se nos 79,2 por cento, numa descida que este ano assenta nos 10,7 por cento, o que revela uma quebra histórica.

“O primeiro voo foi a 28 de maio, vindo de Zurique (Suíça), e foi quando começámos a reconstruir as nossas ligações ainda só no espaço europeu. Isso traduziu-se em ter, em julho, cerca de 35 por cento das rotas, que tínhamos no período homólogo de 2019, número que em agosto sobe para 50 por cento. Do ponto de vista dos mercados externos nós temos um trabalho de reconstrução, pelo menos de um ano, até chegarmos ao ponto em que estávamos em 2019”, resume o responsável pelo Turismo. E estes dados são apenas os relacionados com as rotas aéreas.

Uma das esperanças é depositada no mês de agosto e nos mercados de proximidade que aumentam em relação aos mais distantes em épocas de crise. O problema é que “estamos numa realidade atípica, porque, seja em Portugal ou em Espanha, houve muitas pessoas a perder o emprego, a perder empresas, remuneração e há pessoas que, do ponto de vista da saúde, têm receio em viajar”, descreve João Fernandes. Por todas estas razões, “a retoma será sempre gradual, mesmo nos mercados de proximidade”, esclarece.
“Sabemos que nos mercados de proximidade a maioria das pessoas marca as férias para entre 15 de julho e 15 de agosto. Portanto a expetativa é que esse seja o período de maior procura, sobretudo a primeira quinzena. A verdade é que não sabemos, ainda ninguém no mundo sabe, qual será o comportamento dos viajantes no futuro, se vão ganhar confiança, se, entretanto, há uma terapêutica ou uma vacina, se as relações entre os países no que concerne às limitações de fronteiras vão evoluir positivamente ou se vão regredir. Tudo isto é uma incógnita”, admite o responsável da RTA.

Ainda assim, também no Algarve a procura dos turistas tem sido mais evidente nos territórios de baixa densidade e por tipologias de alojamento que permitem um maior isolamento. No entanto, “não nos iludamos pois não estamos em condições de dizer que já passámos o pior. Temos é que ir trabalhando sempre na reconstrução daquilo que tivemos”, conclui João Fernandes.

Há planos de prevenção preparados
Apesar dos dados da covid-19 não serem muito altos na região, as entidades e autarquias continuam a ter uma estratégia de prevenção para qualquer eventualidade. É por esta razão que continuam validadas as Zonas de Apoio à População (ZAP) em todos os concelhos, num total de 51 estruturas com capacidade para 2759 camas de isolamento profilático, quarentena e reserva social de apoio a lares de idosos.
Há ainda 29 estruturas com capacidade para 1639 camas nas unidades hoteleiras e militares em reserva. Estão ainda preparados espaços para uma eventual necessidade de instalar hospitais de campanha no Pavilhão Desportivo Municipal da Penha, em Faro, e no Portimão Arena.

Ainda neste âmbito, tinha sido celebrado um protocolo entre o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e o Algarve Biomedical Center (ABC) para realizar testes em lares de idosos e instituições semelhantes, bem como creches, pré-escolar e centros de atividades ocupacionais.

Foram efetuados, desde março, 9999 testes em 182 estabelecimentos de apoio aos idosos, a utentes e funcionários, em todos os concelhos, dos quais 1246 foram repetições de testes de despiste à covid-19. Já nas creches e espaços que recebem crianças foram realizados 2769 testes a funcionários de 136 estabelecimentos.

Desemprego com aumento de 231.8 por cento
O número de desempregados inscritos nos centros de emprego do Algarve, em junho, sofreu um aumento de 231,8 por cento quando comparado com junho de 2019, segundo os dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP). Ainda assim, apesar deste crescimento significativo, houve uma descida do desemprego em relação ao mês anterior, a maio de 2020, de 5,5 por cento.

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