Paulo Ramos lança ‘Medronho Academy’

Fotos: Kátia Viola

O barman e responsável pela Cocktail Academy Portugal by Paulo Ramos quer abraçar um novo desafio relacionado com um produto endógeno do Algarve. A meio da subida da Serra de Monchique, junto às Caldas, abrirá o espaço ‘Medronho Academy’, direcionado para quem queira experimentar alternativas de cocktails com esta bebida. A intenção do profissional é inovar a aguardente de medronho, combinando-a com ingredientes locais, para criar novos sabores servidos num copo de cocktail, acompanhados por muito entretenimento.

“A Academia do Medronho será num espaço que existe junto ao miradouro das Caldas de Monchique, que está abandonado. Foi uma pizzaria, mas nós vamos tentar fazer algo diferente e trabalhar para os locais e para os estrangeiros”, explica à Algarve Vivo. Chamar-se-á ‘Medronho Academy Restaurante Show Na Boca do Lobo’.

Este investimento surge, pois, Paulo Ramos é um dos grandes nomes deste setor do ‘bartending’, tendo um currículo internacional com passagem por diversas cidades do mundo. “A minha atividade principal é esta. Sou responsável pela ‘Cocktail Academy Portugal by Paulo Ramos’, um projeto criado há 20 anos, mas sou barman profissional desde 1981”, refere.

Paulo Ramos iniciou-se na profissão em Carvoeiro, mas depois a maioria da sua carreira foi passada ‘lá fora’ em locais como Inglaterra, Itália, Estados Unidos da América, Dubai, Xangai, China, Hong Kong, Tóquio, New York. Já trabalhou para grandes marcas como a Bacardi ou a Redbull, sendo que hoje a sua experiência é uma mais valia. Ainda no seu percurso destaca-se a abertura de uma escola em Itália, em 1995, e foi cinco anos depois que abriu a ‘Cocktail Academy Portugal by Paulo Ramos’, através da qual já formou centenas de profissionais nesta área específica de bar. Nesta atividade desenvolve ainda consultadoria, tendo colaborado com o grupo Tivoli e com a Associação de Barmen do Algarve, exemplifica.

A Academia de Cocktails by Paulo Ramos está sediada em Lisboa, mas tem uma filial no Porto e também no Algarve. “No porto foi desenvolvida uma consultadoria para uma empresa de vinho do porto, com a criação de formação e de um espaço ‘lounge cocktails’ com vinho do porto”, descreve.

Nas Caldas de Monchique quer instalar um projeto que tem como base o do Porto. Só que será o medronho a tomar destaque. “O projeto que fiz no Porto, parte de um desafio, que antecipei há uns dez anos, que era criar cocktails com Vinho do Porto. Como tenho raízes algarvias, comecei a pensar que tinha que fazer algo cá diferente, mas que fosse ao encontro daquilo que faço. Olhei para a Serra, para o medronho e comecei a pensar que se pode fazer 1001 coisas diferentes, como o medronho com o chocolate ou em sorvete. E, de repente, surgiu a ideia de fazer a Medronho Academy, com bebidas alternativas e uma skylounge com vista para Portimão”, descreve. Terá uma garrafeira com a aguardente deste fruto, de origem local, mas também de outros pontos do mundo.

“A minha ideia é fazer também uma fusão com a alimentação, e é muito natural que o espaço se transforme também num restaurante. Já temos essa vertente prevista e, para isso, terei como parceiro o André Oliveira, um amigo de longa data, natural de Monchique, com experiência em catering e organização de eventos”, avança ainda Paulo Ramos.

O espaço terá ainda uma pequena loja para venda de produtos típicos como artesanato e souvenir, garrafas de medronho em miniatura, pequenos copos ou o fruto embalado a vácuo.

A vertente de entretenimento será outra das grandes apostas de Paulo Ramos. É, aliás, uma das características que o distingue e que se baseia nas experiências que viveu, sobretudo nos Estados Unidos da América. “No início da década de 80 do século XX vinha de férias com os meus pais para Carvoeiro. Vivíamos em Lisboa. Nessa altura, comecei a trabalhar nas piscinas na Rocha Brava e foi onde conheci o André Oliveira e Nuno Diogo, proprietário do Bon Bon, com quem estive a colaborar este Verão. Eles trabalhavam no restaurante. Entretanto, abriu um restaurante em Carvoeiro, que era propriedade de uns americanos e eu fui trabalhar para lá, comecei a ajudar na cozinha. Estive lá seis anos, até ir para a tropa e, entretanto, passei para a parte de bar. Mas era algo muito alternativo para a altura em relação ao que existia”, revela. O barman vestia umas calças verde alface, uma blusa azul turquesa e um papillon, fugindo ao traje tradicional preto e branco de outros espaços de bar e restauração. “Era um ambiente diferente, assim como a música e o estilo. Eles eram americanos, naturais de Nova Iorque, e eu só entendi isso 20 anos depois quando lá estive”, conta Paulo Ramos. Ou seja, não passa apenas por servir o cocktail, passa pela apresentação, pelo show, pela maneira de vestir.

É um pouco esse conceito que Paulo Ramos quer colocar na subida da Serra. “Na América temos sempre uma parte lúdica e de entretenimento. Na Medronho Academy, o interior terá que ter também algo para atrair as pessoas. Será voltado para as destilarias, teremos artefactos relacionados com esta tradição. Quero ver se consigo por lá um alambique, não para a destilação, mas para que fique no centro da sala, para que seja uma atração visual e que crie um ambiente acolhedor, caseiro. Isso agrada a todos, aos locais e aos estrangeiros”, aponta.

É por esta razão que Paulo Ramos não se quer ficar apenas por servir os cocktails e refeições. Tem na mente a realização de uma rota que mostre a apanha do medronho, em que possa participar um grupo de clientes, ou na altura da destila uma rota das destilarias para que acompanhem todo o processo.

Outras das notas que refere como de importância é a desmistificação do medronho como bebida de alto teor alcoólico. “As pessoas associam-no aos shots, mas pode haver combinações com sumos, alternativas diferentes como a tangerina, a laranja, o marmelo. Temos de desmultiplicar o medronho em várias vertentes. Isso acompanhará com a alimentação rústica e regional, típica, como tábuas de enchidos, o cozido de Monchique, o chouriço assado à mesa”, refere.

Outra das vertentes importantes será a realização de workshops, numa vertente mais ‘light’, mais orientados para o consumidor, para que possam replicar em casa. Quer, numa segunda fase, ter também formações direcionadas para profissionais de bar, restauração e hotelaria.

Para já, Paulo Ramos diz que a abertura está para breve, tendo já começado a ultimar alguns pormenores.

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