Opinião: A Saúde Mental importa?

Sónia Francisca da Silva | Psicóloga Clínica
(Especialista em Neuropsicologia e Psicogerontologia), in Lagoa Informa, nº 160


Durante cerca de ano e meio, face ao contexto pandémico que temos vivido, a nossa saúde mental foi posta à prova.

Imprevisibilidade, alterações de rotina, teletrabalho, confinamento, perda de pessoas próximas devido à doença covid-19, são alguns exemplos de situações que despertaram em nós emoções diversas, em particular, o medo e a ansiedade.

Se na agitação do dia a dia desvalorizávamos as nossas emoções, empurrando para o canto, dizendo “isto com o tempo passa”, os confinamentos, isolamentos profiláticos, internamentos sem possibilidade de visitas, desemprego, vieram expor as nossas vulnerabilidades, tornando-as visíveis, porque sentidas, sem hipótese de fuga.

A ansiedade e o medo, são emoções primárias que em termos evolutivos permitiram a nossa sobrevivência enquanto espécie, por isso mesmo, num contexto de adversidade como é a pandemia, é natural cada um de nós viver estas emoções, pois permite-nos estar alerta e tornar-nos resilientes para podermos superar as dificuldades impostas.

Impõe-se a questão, quando é que estas emoções deixam de ser normais? Quando trazem sofrimento ao próprio. Quando no seu dia a dia, a pessoa sente que a sua funcionalidade alterou, quando surgem crises de pânico, que num momento inicial a pessoa pensa que poderá ser uma doença física, como um ataque cardíaco, devido aos sintomas somáticos (aumento do batimento cardíaco, náuseas, dor no peito, suores) dando a sensação de morte iminente.

Em Portugal, sabe-se que existem atrasos preocupantes entre o aparecimento dos primeiros sintomas de doença e o início do tratamento, colocando o país em segundo lugar entre os países europeus, com importante prevalência de Perturbações Psiquiátricas, de acordo com o Relatório do Conselho Nacional de Saúde (2019). Desta forma, e face ao contexto tão particular que vivemos, urge procurar ajuda aos primeiros sinais de doença, a evitar a cristalização dos sintomas.

Num primeiro momento, pode recorrer ao portal https://eusinto.me/,desenvolvido pela OPP, onde poderá consultar informação sobre Saúde Psicológica e Bem-estar, baseada em evidência científica da Psicologia, aqui poderá encontrar um conjunto de ‘check lists’ “Como me sinto”, que lhe permitem reflectir como se tem sentido.

Em situação de crise tem sempre a Linha de Aconselhamento Psicológico do SNS24 (808 24 24 24 – opção 4). E tão importante, tem o seu médico de família, a quem pode sempre pedir ajuda e esclarecimento, para o poder encaminhar.

Sim, a Saúde Mental importa!

  • Artigo escrito segundo as regras da antiga grafia.

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